HISTÓRIA: Semana Maldita na Globo

© Grupo Folhas - Todos os Direitos Reservados Quem viveu o ano de 1990 , seja criança ou adulto, sabe que a grande atração televisiva daquel...

sábado, 27 de agosto de 2016

OPINIÃO: Horário Eleitoral Gratuito

"Interrompemos nossa programação para a transmissão do horário eleitoral gratuito obrigatório de acordo com a lei número 9.504/97. Dentro de 10 minutos, voltaremos com a nossa programação normal". Pois é amigos, a cada dois anos a nossa televisão aberta brasileira é submetida as normas do Tribunal Superior Eleitoral para a insuportável transmissão do Horário Eleitoral Gratuito. Mas não é só no horário das 13 horas e das 20h30 não, é também nos intervalos que vem pra cima da gente aquela avalanche de jingles-chiclete e um autêntico festival de ataques e insultos. Propostas que enriquecem e ilustram as candidaturas que disputam a predileção do eleitorado, nada.
Eu, neste blog, assumo minha posição de apolítico, isto é, não tenho nenhuma preferência partidária. Fui criado num ambiente de verdadeiro pluralismo político: neto de janista, filho de lulista e enteado de dois malufistas. Eu era pequeno, tinha 3 anos, quando presenciei a primeira eleição direta para presidente e vivia imitando os candidatos da época. Com o tempo, me acostumei com o Horário Eleitoral na televisão onde os eleitores se enchiam de esperanças por dias melhores na cidade, no estado e no país. Mas mal termina a eleição e vem a ducha de água fria, o povo quebra a cara e se arrepende ao colocar no poder gente errada que teve toda a sorte do peso da legenda, do marketing político e de uma campanha multi-milionária (distribuindo uma propina aqui, uma outra ali, sem contar as tais "doações" de dinheiro ilícito, vide Lava-Jato) com o intuito de esconder sua verdadeira face. E muitos deles gostam disso de tal forma que se perpetuam no poder. Essa é a realidade.
Mas voltando ao Horário Eleitoral Gratuito, houve uma pequena Reforma Eleitoral em dezembro de 2015 e isso merece uma opinião coerente: FOI A MELHOR COISA QUE FIZERAM PARA CONTER A TROCA DE INSULTOS, LEVAREM MAIS A SÉRIO A CAMPANHA ELEITORAL E TAMBÉM PENSARAM NOS RADIODIFUSORES, POIS PRECISAM FATURAR COM AS INSERÇÕES COMERCIAIS E TER MAIS ESPAÇO NA PROGRAMAÇÃO DO HORÁRIO NOBRE, PRINCIPALMENTE. PARABÉNS AO TSE! Para que todos compreendam melhor como funciona o novo HEG, vou dar uma resumida: são dois blocos de 10 minutos cada de domingo a domingo durante um período de aproximadamente 35 dias. A propaganda de candidatos a vereador acabou, felizmente, talvez com a intensão do TSE exterminar de vez com o que chamam de "Hilário Eleitoral", pois eleição é coisa séria e não um picadeiro suscetível as palhaçadas populistas e um tanto demagógicas de zé manes em troca de votos das classes baixas, seduzidas facilmente com tal discurso. As inserções nos intervalos comerciais (que podem variar entre 30 e 60 segundos) terão um total de 70 minutos diários e deverão ir ao ar entre 5 da manhã e meia-noite, sendo 42 minutos para os candidatos a prefeito e 28 para os de vereador. Aí eu discordo, pois os três maiores partidos políticos do país poderão ocupar mais tempo, comparado aos demais, nessas inserções divulgando seus candidatos às eleições municipais. A propaganda paga é proibida por lei, o conteúdo eleitoral é de inteira responsabilidade das coligações/frentes/chapas e censura prévia ou cortes instantâneos em suas emissões também são proibidos. Por lei, a propaganda eleitoral, bem como os debates promovidos pelas emissoras de TV, deve utilizar recursos que permitam a acessibilidade aos deficientes visuais e auditivos: audiodescrição, legendas (ocultas ou não) e janela com intérprete de linguagem de sinais. Mas sinceramente, a imagem não vai ficar poluída demais com legenda e linguagem de sinais ao mesmo tempo a surdos-mudos ao mesmo tempo? Prefiro as legendas, pois é mais ágil, objetivo, compreensível e econômico. E como foram definidos os tempos dos programas eleitorais no horário gratuito e inserções nos intervalos da programação normal? A nova divisão, de acordo com a Reforma Eleitoral foi estabelecida de acordo com o número mínimo de nove parlamentares por partido na Câmara dos Deputados, sendo 90% do tempo foram distribuídos proporcionalmente, quanto mais deputados federais do partido/coligação, mais tempo receberão seus candidatos. Os 10% restantes foram distribuídos igualmente ao restante das candidaturas, aquelas que possuem menos de nove deputados ou nenhum representante na Câmara. Quinze partidos tem o privilégio de terem mais tempo no horário eleitoral, inserções nos intervalos e direito a participação em debates por terem exatamente o mínimo de nove parlamentares, previstos por lei: PT, PMDB, PSDB, PP, PSD, PSB, PR, PTB, PRB, DEM, PDT, SD, PSC, PROS e PPS.
A Reforma Eleitoral mereceria só elogios? Nem tudo é um mar de rosas, convenhamos que foi um grande avanço o TSE reduzir a duração da campanha eleitoral audiovisual, pensar no tempo das emissoras e no telespectador não ter que aguentar um verdadeiro espetáculo de anti-candidaturas. Pra isso, aproveito e exponho minhas ideias para melhorar não só o Horário Eleitoral no futuro, mas a maneira de se fazer eleições no Brasil, que sempre ocorrem de dois em dois anos. Confiram:

- Reduzir a quantidade de partidos políticos na casa das duas dezenas, vinte e poucos, atualmente são 35 (um absurdo).
- Todas as eleições municipais, estaduais e federais devem ocorrer no mesmo ano, ao mesmo tempo e sem direito a reeleição em todos esses cargos.
- Fortalecer as coligações/frentes/chapas e verticalizá-las conforme os cargos eletivos para evitar constrangimentos involuntários de partidos com ideias divergentes se aliarem por um candidato.
- As emissoras de rádio e televisão deverão emitir 3 blocos de 15 minutos cada de propaganda eleitoral gratuita de domingo à domingo nos aproximados 35 dias antecedentes às eleições.
- No rádio, as transmissões do horário eleitoral deveriam ser das 07h00 às 07h15, das 12h00 às 12h15 e das 20h00 às 20h15. E na televisão, as transmissões deveriam ser das 08h00 às 08h15, 13h00 às 13h15 e das 20h30 às 20h45.
- Os cargos majoritários (prefeito, governador, senador e presidente) teriam 9 programas cada um ao longo da campanha eleitoral. Os candidatos a cargos proporcionais (deputados e vereadores) só terão direito às inserções, não tendo mais direito aos blocos de programas.
- Todas as candidaturas devem dispor dos mesmos recursos indispensáveis para a produção de seus programas no rádio e na TV (estúdios, câmeras, ilhas de edição, computação gráfica, etc).
- Os tempos de cada programa e das inserções, bem como a garantia da presença de candidatos a debates, devem estar de acordo com uma média de parlamentares da Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas, Câmara dos Vereadores e Senado onde seria definida a percentagem partidária (a coligação/frente/chapa que possuir a maior soma dessas percentagem partidárias, terá mais tempo), sendo que o tempo mínimo de programa deve ser de 15 segundos (até porque em 5 segundos não dá pra se fazer nada em termos de horário eleitoral).
- Quanto as inserções nos intervalos das programações, devem ser de 45 minutos totais de apenas 30 segundos a partir da primeira inserção diária do horário eleitoral até a meia-noite, obedecendo a proporção 55% para cargos majoritários e 45% para os proporcionais.
- Proibir a propaganda eleitoral de apelo infanto-juvenil.
- Apenas os candidatos, bem como os vices e suplentes, é quem devem falar na propaganda eleitoral, não podendo falar aqueles que não vão concorrer e também não pode ter o recurso do "fala-povo" e imagens de pessoas comuns declarando seu voto para tal candidato e/ou falando mal de qualquer concorrente.
- O HEG do segundo turno no rádio e na televisão deveria ser iniciado uma semana após as eleições do primeiro turno com duração aproximada de 25 dias, cada cargo majoritário com esse direito (prefeito, governador e presidente) teriam 8 programas cada e as coligações/frentes/chapas teriam 5 minutos fixos de programa cada um, fazendo com que os blocos da propaganda eleitoral tenham seus tempos reduzidos de 15 para 10 minutos nesse período. Quando as inserções nos intervalos das programações, deveriam ser de 30 minutos totais de apenas 30 segundos.

E como será a campanha eleitoral no rádio e na TV em 2018? Os pequenos avanços promovidos pela Reforma Eleitoral serão mantidos? Para aqueles que não tem saco e não aguentam tantos jingles e spots dos candidatos ao longos dos intervalos, seja no rádio ou na televisão, aceitem minha recomendação: desliguem o rádio, ouçam um CD ou MP3 e assinem uma boa TV por assinatura para fugirem das anti-propagandas das mensagens partidárias. Assim estarem neutralizados e prevenidos de iminentes lavagens cerebrais dos maiores partidos do Brasil que polarizaram e dividiram nosso país. Para aqueles que estão à caça de candidatos que dignifiquem seus votos, outro conselho: pensem bastante até o dia da eleição para não sentirem remorso, arrependimento ou dor na consciência nos próximos quatro anos, não sejam iludidos por discursos sedutores que se lançam às portas do populismo e da demagogia (que infelizmente faz as classes mais baixas morder a isca facilmente) e não sejam marias-vai-com-as-outras (aconselhados até por pesquisas de intensão de voto) ou simplesmente não votar em alguém só porque não vai ganhar. Esse tipo de mentalidade é a grande responsável pela péssima democracia que nós temos, infelizmente. É justamente na campanha eleitoral que as propinas fazem a festa (vide Eleições de 2014), todo mundo quer encher o bolso com uma graninha a mais em troca de favores e quando acaba a folia eleitoreira, a verdade logo vem quando esse pessoal sobe ao poder.
Para saber mais como funciona o novo esquema do HEG, acessem este link bem legal e interessante do site Politize!http://www.politize.com.br/como-funciona-o-horario-eleitoral-gratuito/

Curiosidade: Este ano é "comemorado" o 50º Aniversário do Horário Eleitoral Gratuito, pois é! Foi graças a criação do Código Eleitoral Brasileiro pelo Tribunal Superior Eleitoral em 15 de julho de 1965, cuja Lei nº 4.737 instituiu a transmissão obrigatória da propaganda eleitoral no rádio e na televisão durante o período de campanha eleitoral, 30 dias antes das eleições. No ano seguinte, em 1966, a lei foi colocada em prática com as eleições para as Assembleias Legislativas (deputados e senadores) e na TV, os horários eleitorais eram inicialmente transmitidos diariamente e simultaneamente para todas as emissoras de televisão de nove cidades brasileiras (Bauru, Belém, Curitiba, Florianópolis, Londrina, Porto Alegre, Recife, São Luís do Maranhão e São Paulo) em dois períodos de meia-hora cada: das 13h00 às 13h30 e das 20h30 às 21h00, além de mais 10 minutos diários de inserções gratuitas de 30 segundos dos candidatos durante os intervalos da programação das emissoras de TV entre 19 e 22 horas. E foi justamente na primeira eleição bipartidária da história (devido a extinção dos partidos políticos em 27 de outubro de 1965, imposto pelo Governo Militar da época) envolvendo ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro). A primeira transmissão da Propaganda Eleitoral Gratuita da história da TV brasileira é datada em 5 de setembro de 1966 e como as emissões eram ao vivo naquela época, cada candidato tinha "apenas" 5 minutos para apresentar suas propostas. E tome parlatório. Por incrível que pareça, o Horário Eleitoral Gratuito tem muita história pra contar. Mas isso deixo para uma outra oportunidade. Não percam!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

HISTÓRIA: A Tele-Solidariedade

Todos os anos, a gente liga a TV e sempre tem alguma emissora aberta lançando algum tipo de campanha beneficente em prol de alguma coisa, seja para os doentes, para as crianças e para os deficientes. Pelo menos uma vez é sempre assim e tem campanhas para "todos os gostos". Mas isso já existe desde os anos 60, pelo menos aqui no Brasil. Foi a TV Excelsior que introduziu o que podemos chamar de "Tele-Caridade", em 1963, quando reuniu todo aquele seu cast de artistas e jornalistas em prol das crianças carentes, isso duas vezes por ano! No Dia das Crianças e no Natal, quando pedia aos telespectadores a doarem desde quantias em dinheiro até brinquedos em prol da Cruzada Pró-Infância, seja por telefone ou até em pedágios nos arredores do local da campanha. Como não havia transmissão em rede, a campanha teve que fazer separado tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro. A maratona de shows de mais de 24 horas nos estúdios da extinta emissora era intitulada Grande Noite de Vigília da Criança Brasileira e era amplamente divulgada pelas mídias da época com essa seguinte frase de estímulo "Faça uma Criança Sorrir". Isso se estendeu por toda a década de 60.
Com o fim da TV Excelsior, as campanhas de solidariedade na TV pareciam estar entregues ao esquecimento quando em 1978, a uma semana antes do Natal, a Rede Globo relançou a maratona de solidariedade escalando o cantor Roberto Carlos para liderar uma campanha em prol das crianças carentes, anunciando que o ano seguinte, 1979, foi instituído pela ONU como o "Ano Internacional da Criança" e foi intitulada Um Milhão de Amigos, em alusão a música "Eu Quero Apenas". Foi uma maratona de 24 horas de programação especial, entre 16 e 17 de dezembro, e ao invés de um show contínuo, foi instituído uma programação especial que começava com uma apresentação do "Rei", show musical alternado entre Rio e São Paulo, uma roda de seresteiros, uma missa especial, apresentações esportivas ao ar livre, um jogo de futebol beneficente e programas normais da grade de domingo especialmente temáticos para a ocasião com direito a presença de convidados especiais. Isso sem contar que nos intervalos, haviam matérias especiais produzidas pela equipe do Globo Repórter mostrando os problemas enfrentados na infância. Para receber as doações, agências bancárias do Banco Real fizeram plantão durante aquele domingo, assim como o elenco Global, que vendeu entre outros presentes cartões de Natal da UNICEF pelas ruas de todo o país.
Em 28 de junho de 1981, um domingo também, novamente a Rede Globo fez uma maratona especial de programação, mas desta vez de oito horas de duração, em comemoração aos 15 anos do grupo Os Trapalhões. A festa de debutante não bastava para o quarteto composto por Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias, eles resolveram lançar uma campanha celebrando o "Ano Internacional do Deficiente Físico" instituído pela ONU, estimulando o público a fazer doações de córneas. No entretenimento, teve uma apresentação de circo em céu aberto, jogo de basquete para cadeirantes com o ator Tony Ramos, futebol de salão pra lá de nonsense com Os Trapalhões e o quarteto fazendo aparições especiais nas edições especiais dos principais programas Globais, além de um show de calouros com o elenco Global e até uma gincana com os atores de Baila Comigo enfrentando os de O Amor é Nosso (justamente a novela perdida). Só que uma surpresa foi guardada para o final: Renato Aragão recebeu uma linda homenagem de ninguém menos que J. Silvestre, que veio dos Estados Unidos especialmente convidado para fazer um Esta é a Sua Vida com o eterno Trapalhão.
Em 18 de setembro de 1983, no 33º aniversário da televisão brasileira, a Rede Globo indiretamente "comemorou" a data com uma nova maratona beneficente com 12 horas de duração: Nordeste Urgente. A campanha foi motivada devida a repercussão (e a comoção) que causou uma série de reportagens do Jornal Nacional sobre a seca no Nordeste brasileiro, deixando milhares de famílias sem ter o que comer e o que beber. Para a programação especial, foi mobilizado cerca de 300 artistas (elenco de atores, jornalistas e cantores de música popular) estimulando o público no socorro às vítimas da seca depositando suas doações em mais de 540 postos de arrecadação em sete capitais brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Recife e Salvador). O slogan da campanha era "O Brasil em Busca de Soluções" e teve de tudo: missa especial, maratona com os atores Globais, um debate sobre a seca no nordeste, show especial alternado entre Rio e São Paulo, até o Chacrinha fez questão de comandar uma edição especial do seu Cassino ao vivo do Ginásio Caio Martins em Niterói (cuja renda foi revertida para a campanha). Duas gincanas envolvendo artistas e personalidades foram ao ar especialmente naquele dia: Sete Homens de Ouro comandado por Marília Gabriela e Guerra dos Sexos com o "garoto" Osmar Santos. Os humorísticos dominicais tiveram edições especiais e contando com presença de convidados especiais. O comando foi do Trapalhão Renato Aragão e o curioso é que ele estava separado dos colegas Dedé, Mussum e Zacarias (os três faziam esquetes no A Festa é Nossa). Mesmo assim, a campanha em prol dos nordestinos foi um sucesso e rendeu até prêmio concedido pela Associação Brasileira de Propaganda.
Didi, Dedé, Mussum e Zacarias fizeram as pazes no início de 1984, voltando assim a atuarem juntos, e em 28 de dezembro de 1986, no último domingo daquele ano (o ano em que eu nasci), comandaram ao vivo do saudoso Teatro Fênix, no Rio, uma nova campanha lançada pela Globo como parte das comemorações dos 20 anos do grupo Os Trapalhões e que até hoje está no ar: Criança Esperança. Na sua primeira edição, foi levado ao ar uma programação especial de nove horas e a maratona tinha como pano de fundo a Campanha do Menor Carente, instituída pelo presidente da época José Sarney, cuja carta à respeito do assunto foi lida na abertura do evento. A programação especial foi dividida em 28 blocos e em todas elas teve mini-documentários sobre experiências de apoio às crianças carentes, menores de rua e os direitos da criança, além do balanço das doações, feitas por telefone e depósitos bancários. Programas Globais de sucesso (Xou da Xuxa, Chico Anysio Show, Cassino do Chacrinha, Vídeo Show e Viva o Gordo) tiveram edições especiais naquele dia, assim como o Globo Repórter, que apresentou um documentário sobre a história d'Os Trapalhões. A campanha teve continuidade e recebeu prêmios de UNESCO, UNICEF e até da Austrália.
Na sexta edição do Criança Esperança, o grupo Os Trapalhões comemorou 25 anos, embora desfalcada com o falecimento de Mauro "Zacarias" Gonçalves. Mesmo assim, uma nova programação especial foi ao ar entre 27 e 28 de julho de 1991 e Renato Aragão, Dedé Santana e Mussum apareceu em tudo quanto era programa da Globo: numa matéria especial do Jornal Nacional (que deu pontapé inicial à campanha) sobre as bodas de prata do agora trio, numa aparição na novela das oito O Dono do Mundo na inauguração do restaurante do personagem Altair (Paulo Goulart), numa paródia da abertura da novela onde Aragão imita o ídolo Charles Chaplin brincando com o globo terrestre (exibido exclusivamente naquela noite de sábado), comandando uma aula especial da Escolinha do Professor Raimundo onde os atores Globais substituíram os famosos alunos, em clipes musicais exibidos nos programas matinais de domingo, participaram da Santa Missa e dos quadros do Domingão do Faustão e apresentaram duas edições especiais do programa Os Trapalhões onde parodiaram toda a programação Global (de Xou da Xuxa à Doris Para Maiores) e contou com a participação de convidados especiais. Não satisfeitos com isso, o trio fez plantão durante toda a madrugada direto do Teatro Fênix estimulando o público a fazer suas doações em sete inserções durante a programação especial que foi brevemente interrompida com um programa educativo e duas transmissões esportivas: uma luta de boxe e o Grande Prêmio da Alemanha de Fórmula 1 (onde os três dirigiam carros quebrados antes da prova e depois lamentaram o fato do piloto Ayrton Senna não ter ganho a corrida, vencida por Nigel Mansell). Com tantas atrações, porém, uma cena foi inesquecível e eternizada: Renato Aragão beijando a mão do Cristo Redentor no Rio de Janeiro.
Em 1998, uma nova e inédita campanha foi lançada na TV brasileira, desta vez com o intermédio do SBT: o Teleton. O evento promove ajuda à AACD, Associação de Assistência à Criança Deficiente, para a construção e manutenção de hospitais e centros de reabilitação aos deficientes físicos. A instituição foi fundada em 1950 idealizada no sonho de construir um centro de reabilitação de qualidade como no exterior. Isso só foi possível em 1963 com a inauguração do hospital que funciona até hoje no Ibirapuera e que mais seria chamada de Hospital Abreu Sodré (nome do ex-governador de São Paulo que apoiara a causa do deficiente). Nos anos 90, seus representantes tomaram conhecimento de uma bem-sucedida campanha originada nos Estados Unidos e criada por ninguém menos que um dos maiores comediante do cinema, Jerry Lewis, que rodou 55 filmes. Ele tinha um filho que portava distrofia muscular e criou uma campanha estimulando o público doar quantias para a pesquisa da cura da tal doença e também para o tratamento dos deficientes físicos, o "Telethon" (termo vem da expressão em inglês "Television Marathon"). A repercussão mundial foi enorme e em 1978 o Chile implantou o formato de sucesso da campanha e mobilizando todos os artistas, personalidades, população e emissoras de rádio e televisão locais em prol dos deficientes chilenos, ao ponto de criar a ORITEL, Organização Internacional dos Teletons, que é uma das maiores organizações de solidariedade do mundo, reunindo cerca de 20 países que realizam suas maratonas beneficentes. Foi em 1997 que o Brasil aderiu a "novidade" Teleton, graças ao intermédio da apresentadora Hebe Camargo, colaboradora de longa data da AACD, que convenceu seu "Patrão" Silvio Santos (padrinho moral do Teleton, por mais que ele negue tal condição) a se reunir com a diretoria da instituição e acertar a realização da primeira edição da campanha através do SBT, realizada nos dias 16 e 17 de maio, com 27 horas ininterruptas de programação de auditório que mistura entretenimento, diversão e conscientização e a participação de mais de 200 artistas, sem contar o cast SBTista que se revezava durante toda a programação especial apresentando matérias jornalísticas enfatizando o trabalho da AACD, a prestação de contas com a população e, principalmente, as emocionantes "histórias de vida" de portadores de deficiência física. A meta inicial era arrecadar 8 milhões de reais para a reforma do centro de reabilitação da AACD na Moóca, zona leste de São Paulo, só que o projeto superou as expectativas dos organizadores e apoiadores e o programa conseguiu quase o dobro do que pretendia: 14,8 milhões de reais. E que além de garantir a ampliação da unidade da Moóca, possibilitou a construção do centro de reabilitação da AACD no Recife, Pernambuco. Foi por causa desta maratona de solidariedade, devido a 1 milhão de ligações por ano que o programa recebeu de todo o país, que a AACD realiza diariamente cerca de 10 mil atendimentos em todas as unidades espalhadas pelo Brasil afora.
Entre os anos 90 e 2000 surgiu outra campanha que quase ninguém conhece e promove ajuda ao tratamento do câncer infantil, ou especificamente a manutenção do Hospital do Câncer de Barretos: Direito de Viver. O evento perambulou por diversas emissoras como Band, Rede Vida e Rede TV!. Além das doações telefônicas, encontrou uma forma original de captar fundos para a campanha: um CD onde os artistas do momento regravam grandes sucessos. Outra campanha, mais conhecida, que também ajuda as crianças com câncer é o Mc Dia Feliz que surgiu 1988 pelo Mc Donald's tendo como primeira garota-propaganda a apresentadora Angélica, onde toda o dinheiro arrecadado com a venda do Big Mac todo último sábado do mês de agosto é revertido a hospitais que tratam do câncer infantil. A iniciativa levou a maior cadeia de lanchonetes do mundo a criar no Brasil a Fundação Ronald McDonald's que promove tal ajuda. Mas é uma pena que nenhum canal de televisão abriu espaço decente à campanha para que os artistas e cantores de sucesso participassem daquilo o que eu poderia chamar de "Mc Show Feliz", depois da novela das nove da Globo, onde seria anunciado quanto foi arrecadado com a venda do Big Mac e como foi o dia da campanha. Isso não deixa de ser uma sugestão, os canais de televisão formarem uma cadeia para a transmissão desse show de encerramento do Mc Dia Feliz.
Minha conclusão é a seguinte: as campanhas de solidariedade na TV brasileira são necessárias, porém se acomodaram com o passar dos anos. Massageando o ego de seus padrinhos e fazendo suas vontades, sobrepondo a verdadeira e humanitária causa em prol de crianças carentes, deficientes físicos e portadores de câncer. Porque o Criança Esperança continua mantendo o velho formato do megashow no Ginásio do Ibirapuera? Porque o Teleton reluta em manter-se nas batidas 27 horas seguidas de programação por mais que a meta de arrecadação aumente a cada ano, tornando insuficiente seu tempo de duração? Porque o Direito de Viver e o Mc Dia Feliz não são decentemente divulgados pela televisão, por mais que se restrinjam a uma simplória inserção comercial de 30 segundos? Eu proponho que cada campanha seja divulgada durante um mês por suas respectivas emissoras e após este período promova uma programação especial toda ela dedicada à campanha (com breves interrupções para novelas, telejornais e alguma transmissão esportiva) com uma maratona de 50 horas que seja, iniciando na sexta lá pelas 22h30 e terminando na madrugada de domingo pra segunda lá pela meia-noite e meia (para que as 50 horas sejam cumpridas). E outras: as campanhas não fiquem só na contribuição telefônica e depósitos bancários e sim encontrem outras formas e muito mais formas para a captação de donativos com a venda de cartões de natal, almoços beneficentes, produtos temáticos, shows beneficentes, eventos esportivos idem, leilões pela internet, entre outras maneiras para que essas campanhas saiam da incômoda e irritante zona de conforto que as assombram. Apesar de tudo, dos prós e contras, a lição de moral que aprendemos nessas campanhas é uma só: Os pequenos atos de bondade, gestos amorosos e boas ações são forças necessárias que trazem a Luz Divina para dentro de nossos semelhantes, que necessitam muito mais do que temos e precisemos no dia-a-dia. É um tipo de gesto que não só simplesmente salva o próximo, mas que perdoa nossos inimigos. Ilumine seu mundo com um ato de bondade!

sábado, 6 de agosto de 2016

HISTÓRIA: A TV Brasileira nos Jogos Olímpicos


Sinceramente, eu não estou muito animado para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Mesmo contando com a transmissão de três emissoras abertas (Bandeirantes, Globo e Record) e quatro pagas (SporTV, ESPN Brasil, BandSports e Fox Sports), só vou acompanhar o torneio de futebol porque é organizado pela FIFA e também porque é a segunda chance do nosso futebol masculino conquistar o que perdeu em 2014. E depois do péssimo comportamento da torcida carioca (xenófoba, ufanista arrogante e racista, com todo o respeito) no Pan de 2007, ainda mais agora com as redes sociais correndo soltas por aí, temo por algo pior do que ocorreu em Munique-72. Não quero ver os Jogos com sentimento de vergonha e constrangimento pelo meu país. Você já teve a curiosidade de saber a história das transmissões da TV brasileira em Olimpíadas? Então, às suas marcas e foi dada a partida!

Anos 60
As transmissões via-satélite eram uma realidade no Hemisfério Norte, mas no Hemisfério Sul, as imagens do exterior chegavam com alguns dias de atraso. No Brasil, não foi diferente, em 1964 foi a primeira vez que a TV brasileira pode exibir imagens dos Jogos Olímpicos realizados em Tóquio, no Japão.  As TVs Tupi e Record de São Paulo tornam-se a primeira emissora brasileira a mostrar em primeira mão imagens olímpicas aos lares brasileiros. Enquanto que a Tupi utilizava o material gerado pela United Press International (UPI) e apresentado às suas Emissoras Associadas, a Record, integrante das Emissoras Unidas, enviou três cronistas (Ernesto de Oliveira, Paulo Planet Buarque e Darcy Reis) e de lá cobriam os principais eventos do dia olímpico na "Terra do Sol Nascente" enviando vídeo-tapes que iam pro ar com exclusividade no dia seguinte, sempre no horário noturno. Em 1968, a TV Tupi teria adquirido os vídeo-tapes de algumas provas realizadas na Cidade do México, então sede da Olimpíada de então, a primeira a ser transmitida em cores e com imagens geradas pela rede norte-americana NBC. Segundo um depoimento, o saudoso locutor esportivo Walter Abrahão teria apresentado vários desses VT dentre os quais a acirrada disputa do salto triplo entre o brasileiro Nelson Prudêncio, o italiano Giuseppe Gentile e o russo Victor Saneiev.

1972 - Munique
Com a chegada das transmissões via-satélite na parte sul do Globo Terrestre, o Brasil enfim se plugou com o resto do mundo para acompanhar ao vivo as imagens dos Jogos Olímpicos. A Rede Globo adquiriu diretamente da rede alemã-ocidental WDR os direitos de transmissão do evento e mostrou pela primeira vez aos brasileiros e com exclusividade as Cerimônias de Abertura e Encerramento na íntegra e algumas provas de futebol, basquete, natação e atletismo, sem contar três boletins diários dentro dos principais telejornais e um programa de uma hora de duração com um resumo dos acontecimentos do dia. Mas com um porém, as imagens já eram geradas em cores, mas as limitações técnicas fizeram os telespectadores brasileiros assistirem as competições em preto-e-branco. A Globo enviou uma pequena equipe de oito pessoas divididas em dois grupos: um grupo ficou em Munique (o coordenador geral Luís Carlos Sá, o cinegrafista Ricardo Strauss e os locutores Geraldo José de Almeida, Ciro José e um jovem chamado Luciano do Valle) para as transmissões in loco e outro ficou em Madri, sede da extinta Organização de Rádio e Televisão da Olimpíada, de onde era gerado o resumo com as imagens mais importantes do "Dia Olímpico". O grupo que ficou em Madri tinha o locutor Léo Batista, a produtora Myriam de Lamarie e o diretor de esportes da Globo Júlio de Lamarie, que um ano mais tarde foi vítima fatal de um terrível acidente aéreo no Aeroporto de Orly, na França, e era admirado pelo então chefão Global José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, pela sua excelente cultura esportiva.

1976 - Montreal
Com a aquisição dos direitos de venda para toda a América Latina pela OTI (Organização das Telecomunicações Ibero-Americanas), uma cláusula foi criada com suma importância: só podia transmitir a Copa do Mundo de 1978 quem exibir pelo menos 10 minutos diários de imagens das Olimpíadas de 1976. Obrigadas a obedecerem tal norma, as emissoras brasileiras de TV enfim resolveram fazer uma cobertura olímpica "de verdade" e a primeira transmitida em cores para o nosso país. Cinco emissoras se interessaram pelo evento: Globo, Tupi, Cultura, Record e Bandeirantes, mas três delas apostaram na transmissão de modalidades conhecidas do grande público brasileiro: futebol, basquete, vôlei, natação, atletismo, ginástica e boxe, Globo, Tupi e Cultura, que desembolsaram cada uma delas cerca de 53 mil dólares para a exibição do evento (adquirindo assim os direitos de transmissão através da Organização de Rádio e Televisão da Olimpíada, tendo assim condições de mostrar as imagens geradas pela redes norte-americana ABC e da canadense CTV), via satélite em linha aberta com Montreal. A TV Tupi em sua única cobertura olímpica teve quatro horas diárias de transmissão lideradas por Walter Abrahão, a TV Cultura enviou apenas três locutores à Montreal (Orlando Duarte, Luiz Noriega e Carlos Eduardo Leite) e a Rede Globo se diferenciou das outras: enviou ao Canadá uma equipe de 11 pessoas (dentre os quais os locutores Léo Batista, Ciro José e Luciano do Valle), contou com cinco horas diárias de transmissão e levou ao ar dois boletins diários de 15 minutos cada um à tarde e à noite. Enquanto isso, as TVs Bandeirantes e Record (esta liderando a Rede de Emissoras Independentes) tinham que driblar a precariedade técnica, a falta de organização e a inexperiência, desembolsaram cerca de 18 mil dólares para a exibição obrigatória e noturna dos 10 minutos diários de material de satélite com o boletim oficial da OTI sobre os últimos resultados olímpicos sem ter à disposição suporte técnico necessário a profissionais acostumados em cobrir apenas futebol. Foi as Olimpíadas de Montreal o último trabalho do locutor Geraldo José de Almeida, que morreria duas semanas depois da Cerimônia de Encerramento dos Jogos, vítima de câncer na vesícula.

1980 - Moscou
O fim da TV Tupi e o boicote dos Estados Unidos desinteressaram as emissoras brasileiras em transmitir as Olimpíadas de Moscou. Apenas duas redes se habilitaram em transmitir as competições e dividirem o sinal via-satélite e os direitos de transmissão que custaram 100 milhões de cruzeiros na época: Rede Globo e Rede Educativa, esta liderada pela TV Cultura de São Paulo. A Globo enviou em terras soviéticas 22 pessoas para a cobertura olímpica, dentre os quais os locutores Luciano do Valle, Fernando Vanucci e Ciro José, o apresentador Léo Batista e os repórteres J. Hawilla, Mônica Leitão, Marcelo Matte e Roberto Feith. Já a Rede Educativa, ou melhor, a TV Cultura fez parceria com a Rádio Jovem Pan e transmitiu as principais provas simultaneamente na TV e no rádio com a narração de Luiz Noriega e Orlando Duarte. Estava formada a Rede Olímpica de Rádio e Televisão com a TV Educativa do Rio de Janeiro (que retransmitia as imagens para as outras emissoras educativas pelo Brasil), TV Iguaçu de Curitiba, TV Tibagi de Apucarana, TV Alterosa de Belo Horizonte, TV Uberaba, TV Cultura de Florianópolis e TV Guaíba de Porto Alegre. No contraponto disso tudo, a Rede Bandeirantes, que não detinha os direitos de transmissão, resolveu enviar um correspondente para Moscou para mandar as notícias olímpicas por telefone em todos os telejornais, ele era ninguém menos que o jovem repórter Álvaro José.

1984 - Los Angeles
A cobertura dos Jogos Olímpicos reuniu na época um número recorde de emissoras abertas brasileiras presentes no evento: Globo, Bandeirantes, Manchete, Record e SBT, totalizando 178 profissionais da TV brasileira e cada uma delas pagando 175 mil dólares pelos direitos de transmissão. Como a Globo tinha à sua disposição um canal exclusivo de satélite, a EMBRATEL, para atender a demanda das outras redes e responsável pela transmissão para o Brasil, promoveu um consórcio de linha de transmissão de áudio e vídeo entre Manchete, Bandeirantes e Record-SBT: das 24 horas disponíveis de satélite, 14 delas foram obrigatoriamente de uso coletivo enquanto que as outras 10 tiveram que ser divididas entre as emissoras: enquanto que Bandeirantes e Manchete detinham 4 horas exclusivas cada uma, o consórcio Record-SBT tinha apenas 2 horas exclusivas. A imprensa da época considerou a transmissão da Olimpíada de Los Angeles a melhor já executada em todos os tempos.

Record-SBT
Como o SBT estava começando a se enveredar de verdade em grandes coberturas esportivas, teve que retransmitir para suas 20 emissoras boa parte do sinal emitido pela TV Record de São Paulo e Rio de Janeiro pois na época Silvio Santos ainda era dono da metade das ações da emissora da família Carvalho. No eixo Rio-São Paulo, o SBT manteve sua programação normal, mas mesmo assim montou uma equipe de apoio de 12 pessoas nos estúdios da Vila Guilherme para produzir o informativo A Mulher nas Olimpíadas comandado por Claudete Troiano, Jurema Iara, Leilah Silveira e Chrystinah Rocha, focalizando a participação de atletas do sexo feminino em sete eventos específicos. A Record, por sua vez, enviou 20 pessoas à Los Angeles dentre os quais Silvio Luiz, Rui Viotti, Ciro José, Flávio Prado, Eli Coimbra e J. Hawilla, e contava com uma equipe de apoio de 20 pessoas nos velhos estúdios do bairro do Aeroporto, no qual destaco Fernando Solera e Ronnie Hien, que comandava o boletim Placar das Olimpíadas.

Rede Globo
Contando com um canal exclusivo de satélite ligado 15 horas por dia que custou 900 mil dólares, foi obviamente a que mais investiu na cobertura: enviou equipe de 92 pessoas, nove equipes de reportagem, seis horas diárias de transmissão, seis câmeras exclusivas, oito ilhas de edição, um aparelho de gravação computadorizada, um estúdio de 160 m² com uma central de edição e produção funcionando 24 horas por dia e desenvolve um programa de computador que possibilitava a exibição de estatísticas e aproveitamento geral dos atletas de diversas modalidades. A Globo estava tentando abolir a imagem do comentarista nas transmissões esportivas e as transmissões das provas contavam com a narração de Osmar Santos, Galvão Bueno e Luiz Alfredo, as reportagens eram de Francisco José, Glória Maria, Isabela Scalabrini, Lucas Mendes, Luís Fernando Lima, Reginaldo Leme e Ricardo Pereira e o apresentador Léo Batista era quem dava as notícias olímpicas direto de Los Angeles seja nos telejornais ou no Boletim Olímpico.

Rede Bandeirantes
Graças ao incentivo da Luqui/Promoação e fazer da emissora do Morumbi o "canal do esporte", realiza pela primeira vez uma transmissão olímpica de verdade. Envia equipe de 22 pessoas e realiza sete horas diárias de transmissão, sem contar 22 flashes diários de um minuto cada um inserido a cada 30 minutos de programação normal. Os narradores eram Luciano do Valle, Osmar de Oliveira, Álvaro José e Jota Júnior, os comentaristas eram Edvar Simões (basquete), Paulo Russo (vôlei) e Júlio Mazzei (futebol e atletismo) e os repórteres eram Elia Júnior, Eduardo Savóia, Roberto Cabrini e Gilson Ribeiro. Na equipe de apoio, no Brasil, Juarez Soares ancorava as transmissões e dava seus pitacos nas transmissões do torneio de futebol.

Rede Manchete
A então caçula das emissoras resolveu debutar nas transmissões esportivas e partiu para a sua primeira grande cobertura. Realizou uma verdadeira maratona com 18 horas diárias de transmissões ao vivo, totalizando 270 horas de imagens olímpicas, enviou uma considerável equipe de 56 pessoas, investiu 1,6 milhão de dólares em equipamentos técnicos, alugou um estúdio de 45 m² no IBC de Los Angeles para a transmissão do boletim Viva a Olimpíada e dos programas especiais Olimpíada em Resumo, Manchete Olímpica, Olimpíada em Manchete e Destaques Olímpicos, a ponto de entrar no ar bem mais cedo (07h30) do que o habitual na época (12h00). Um dos locutores das provas era Paulo Stein e o time de comentaristas contava com Carlos Alberto Torres (futebol), Antônio Carlos Moreno (vôlei), Adhemar Ferreira da Silva (atletismo), Guilherme de Lamarie (natação) e Vlamir Marques (basquete).

1988 - Seul
A OTI, Organização das Telecomunicações Ibero-Americanas, vendeu os direitos de transmissão das Olimpíadas de Seul para cinco emissoras brasileiras de TV, dentre as quais apenas uma não pôde arcar com os custos, a TV Record, que estava numa situação financeira bastante delicada. As outras quatro, Bandeirantes, Globo, Manchete e SBT, pagaram cada uma um valor mais acentuado se comparado aos das edições anteriores: 2 milhões de dólares, isso porque o nível técnico das provas aumentaram, Estados Unidos e União Soviética voltaram a se enfrentar 12 anos depois, não houve boicote e a sede dos Jogos aconteceu na Ásia (em pleno auge dos chamados "Tigres Asiáticos"), o que provocava um fuso horário de 12 horas a mais em relação ao Brasil. Uma vez adquirido o direito de transmitir a Olimpíada, as quatro rede de então tiveram que acertar um acordo de utilização de sinal de satélite, no qual eram obrigadas a trabalharem com a mesma imagem que era gerada pela rede coreana KBS, isso durante 12 horas diárias, das 22h30 às 10h30. Além disso, as emissoras tiveram que tomar cuidado para não exceder tanto nos investimentos durante a cobertura olímpica. Tudo corria bem até o dia 29 de setembro (três dias antes do encerramento das Olimpíadas) quando começou o Horário Eleitoral Gratuito em virtude das eleições municipais de 88 e por causa de tal imposição do TRE, vários eventos foram impedidos de serem mostrados ao vivo e na íntegra na faixa das 08h00 às 08h45 como a final do vôlei feminino entre União Soviética e Peru e, pior, a final do futebol entre Brasil e União Soviética. Como o jogo terminou empatado no tempo normal, a prorrogação não pôde ser transmitida, apenas em VT completo.

Rede Bandeirantes
Foi a que mais investiu na cobertura das Olimpíadas de Seul. Colhendo os louros de ter se tornado o "canal do esporte", desembolsou 8 milhões de dólares para garantir ao telespectador 13 horas diárias de transmissão totalizando 250 horas, além de enviar uma equipe de 45 pessoas e alugar um estúdio de 140 m² no IBC. Não satisfeita com isso ainda adquiriu seis câmeras de reportagem, quatro ilhas de edição, uma mesa de corte, duas unidades de transmissão externa e sete novos veículos de reportagem. A equipe que foi cobrir os Jogos direto do local contou com os apresentadores Blota Jr. e Elys Marina, os locutores Luciano do Valle, Silvio Luiz, Jota Júnior, Álvaro José e Osmar de Oliveira, os comentaristas Paulo Russo (vôlei), Edvar Simões (basquete), Newton Campos (boxe) e Roberto Rivelino (futebol) e os repórteres Elia Júnior, Eli Coimbra, Gilson Ribeiro e Roberto Cabrini. Na equipe de apoio, nos estúdios do Morumbi, se revezavam no comando do Boletim de Seul Flávio Prado, Simone Mello, Juarez Soares, Luís Andreoli, Marcelo Bianconi, Alexandre Santos, Marco Antonio Siqueira de Mattos e Maria do Carmo Fúlfaro.

Rede Globo
Mesmo investindo metade do valor da Bandeirantes, 4 milhões de dólares, mandou a maior delegação da TV brasileira para Seul: 66 pessoas. Devido ao fuso horário, teve que dosar a maratona esportiva durante a madrugada com a promessa de 135 minutos diários de transmissões ao vivo, focalizando a participação brasileira nos principais esportes coletivos (vôlei, basquete e futebol) e flashes com as provas finais das modalidades individuais. Em Seul, a equipe contou com os locutores Galvão Bueno, Luiz Alfredo e Ciro José, os comentaristas Hélio Rubens (basquete) e Antônio Carlos Moreno (vôlei) e os repórteres Marcos Uchôa, Luís Fernando Lima, Francisco José, Isabela Scalabrini, Carlos Dorneles e Neide Duarte. No Brasil, colocou seis apresentadores se revezando no comando do Globo Esporte Especial, uma resenha sobre o dia olímpico: Valéria Monteiro, Sérgio Éwerton, Leilane Neubarth, Léo Batista, Lina Menezes, Fernando Vanucci. Isso sem contar a participação do ex-goleiro Raul Plassmann, que comentou dos estúdios do Jardim Botânico as partidas de futebol.

Rede Manchete
Disposta a competir com a Bandeirantes em pé de igualdade, propôs 400 horas de transmissão olímpica, sendo 10 horas diárias ao vivo. Para isso, investiu 2,5 milhões de dólares e mandou 40 pessoas para Seul onde ficavam quase direto no escritório reservado para a emissora no IBC, talvez reduzindo gastos para uma reserva nas cabines de transmissão nos locais das provas. Durante o evento, a emissora decide relançar o "Arakém, o Showman" para as vinhetas alusivas as modalidades exibidas durante os intervalos. Enquanto que no Brasil, vários apresentadores como Mylena Ciribelli, Leila Richers e Ronaldo Rosas se revezavam no comando do Boletim da Olimpíada e O Melhor de Seul, na Coréia do Sul, a equipe de transmissão contava com os apresentadores Márcio Guedes e Alberto Léo, os locutores Osmar Santos, Paulo Stein e Halmalo Silva, os comentaristas Vlamir Marques (basquete), Adhemar Ferreira da Silva (atletismo), Ênio Figueiredo (vôlei), Ricardo Prado (natação) e João Saldanha (futebol) e os repórteres Antônio Stockler, Paulo César Andrade, Eurico Tavares e Florestan Fernandes Jr.

SBT
Foi a mais modesta de todas, tão modesta que só enviou uma equipe de reportagem de apenas seis pessoas à Seul, lideradas pelos repórteres Luiz Ceará e Kitty Baliero, que fizeram reportagens com os atletas brasileiros. Para não ficar de fora da Copa do Mundo de 1990 e cumprir a contrato assinado junto à OTI, sua cobertura foi feita em parceria com a produtora JR Promoções e investiu apenas 1 milhão de dólares para montar uma equipe de esportes de 20 pessoas que ficaram no Brasil recebendo material do satélite para produzir seis boletins diários de 5 minutos de duração exibidos durante a programação normal à tarde e mais um programa diário com cerca de duas horas de duração exibido de madrugada. Sua transmissão da Olimpíada foi esporádica e se resumiu com as provas de vôlei, basquete e futebol. O comando foi dos apresentadores Suzana Rangel e Ivo Morganti, que narrou algumas provas, e contou com os comentários do jornalista Sérgio Cunha.

1992 - Barcelona
Com as transmissões das provas cada vez mais evoluídas e contando com melhores tecnologias, as emissoras brasileiras foram recompensadas por um verdadeiro show de imagens esportivas direto da Espanha. Quanto ao sinal via-satélite, a Rede Globo contou com o aluguel de um satélite exclusivo ligado 24 horas por dia para permitir a inclusão de flashes ao vivo durante a programação normal, o que é de praxe se tratando de Globo, enquanto que as demais redes tiveram que dividir o mesmo canal de satélite para diluir os custos já acentuados. Outro ponto positivo foi que está se tornou a primeira Olimpíada a ser transmitida em TV por assinatura no Brasil em toda a história, através do canal pago Globosat/Top Sport, atualmente denominado SporTV, que anunciou a cobertura de 20 horas diárias ao vivo de Olimpíada e a transmissão de 257 disputas de medalha no programa olímpico, com ou sem o Brasil! Só pra registrar, os narradores pioneiros dessa primeira "cobertura paga olímpica" foram Luís Carlos Júnior, Maurício Torres e Sérgio Maurício.

Rede Bandeirantes
Mandou para Barcelona a maior delegação da TV brasileira, além de produzir a maior cobertura do evento: 65 profissionais e cerca de 14 horas diárias de transmissão. Os ancoras das transmissões ficaram à cargo da dupla Elia Júnior e Simone Mello, a narração das provas foi de Luciano do Valle, Silvio Luiz, Álvaro José e Marco Antônio Siqueira de Mattos, o time de comentaristas permaneceu o mesmo com Juarez Soares (futebol), Júlio Mazzei (atletismo), Edvar Simões (basquete) e Paulo Russo (vôlei) e as reportagens de Eli Coimbra, Gilson Ribeiro, Olivério Jr. e José Luiz Datena, que criou o "repórter invisível" durante o evento. Na parte tecnológica, a emissora transmitiu as imagens mais perfeitas de Barcelona devido a introdução do novíssimo sistema de gravação Betacam, melhorando tecnicamente a imagem em 50%. Isso foi fruto de um investimento de 15 milhões de dólares na compra de equipamentos da marca Sony com câmeras Cam-Corder, ilhas de edição e pós-produção em 2 e 3 dimensões com efeitos especiais e áudio digital. Sucesso na Copa de 90, foi relançado o Apito Final, onde toda a equipe comentava o dia olímpico ao som do violão de Toquinho, que analisava o evento do ponto de vista do torcedor, e a presença do maior jornalista do Brasil de todos os tempos e poeta nas horas vagas, Armando Nogueira.

Rede Globo
Desfalcada de Galvão Bueno, que estava se aventurando na Rede OM (hoje CNT), a emissora mesmo assim deu de si para fazer aquele "show de transmissão", mesmo preservando sua programação campeã de audiência. Manda 60 profissionais e utiliza um software digital, desenvolvido na Bélgica, que permite a câmera lenta instantânea ao vivo, muito utilizada nos jogos de vôlei e mais tarde nas transmissões de futebol. Os apresentadores direto de Barcelona foram Fátima Bernardes, Fernando Vanucci e Valéria Monteiro. A narração ficou à cargo de Luiz Alfredo, Ciro José e Cléber Machado, os comentários foram de Orlando Duarte, Juca Kfouri (Jornal da Globo), Bebeto de Freitas (vôlei) e Ari Vidal (basquete) e as reportagens foram de Marcos Uchôa, Luís Fernando Lima, Roberto Cabrini, Pedro Bial, Maria Cristina Poli, Ernesto Paglia e Geraldo Canali. Na equipe de apoio do Brasil, Oliveira Andrade narrou algumas provas, mas quando havia uma disputa de natação, a Globo acionava um comentarista bem peculiar: Rômulo Arantes, o ex-nadador que esteve presente nas Olimpíadas de Moscou e que estava integrando o elenco Global fazendo o personagem Otávio na novela das sete Perigosas Peruas.

Rede Manchete
Seguindo ao estilo "feijão-com-arroz", cumpriu as expectativas de seu público fiel emitindo cerca de 10 horas de transmissões diárias. Sem grandes inovações técnicas, mandou 45 enviados especiais à Olimpíada, contou com a narração de Paulo Stein, Alberto Léo e Halmalo Silva e os comentários de Vlamir Marques (basquete), Adhemar Ferreira da Silva (atletismo), Ênio Figueiredo (vôlei) e Fernando Brochado (natação). Dois programas especiais foram criados durante a cobertura olímpica: Manhã Olímpica e Noite Olímpica. Só que durante a Cerimônia de Abertura, cometeu uma grande mancada: era sábado à tarde e transmitiu apenas 60 minutos ao vivo da festa de abertura, iniciada às 15 horas. Mas quando o relógio marcou 16 horas, a imagem de Barcelona foi interrompida pela imagem de São Carlos, interior paulista, para a transmissão do jogo entre Sãocarlense e Corinthians pelo Campeonato Paulista de Futebol com a narração do "garoto" Osmar Santos (graças a um erro de organização por parte da Federação Paulista de Futebol, poderiam ter colocado esse jogo à noite), que teve que ser rapidamente interrompido, durante o intervalo e no segundo tempo, para exibir ao vivo a entrada da delegação brasileira e o acendimento da pira olímpica. O VT completo do cerimonial pôde enfim ser exibido à noite.

SBT
Foi a que fez a cobertura mais compacta da TV brasileira. Mandou apenas 13 enviados especiais, concentrou-se nas transmissões de vôlei e basquete, nos flashes ao vivo das disputas de medalha no judô, natação e atletismo e produziu o programa Resumo das Olimpíadas exibido todo final de noite. A pequenina equipe em Barcelona contava com a apresentadora Mariana Godoy, o locutor Osmar de Oliveira e os repórteres Luiz Ceará e Hermano Henning. No Brasil, o narrador Carlos Valladares acompanhava os eventos paralelos, além da participação de convidados especiais que comentavam as provas como Cláudio Mortari, que falou sobre o basquete. Tudo isso sem contar o inesquecível mascote Amarelinho, que pela primeira vez torceu para o Brasil numa Olimpíada. Foi redesenhado pelos novos computadores gráficos pela emissora e ganhou uma família com pai, mãe, irmãozinho e até vovô, e apareciam a todo instante reagindo de acordo com o desempenho dos brasileiro durante as transmissões ao vivo: fazendo contas, rezando, tocando corneta, chorando, fazendo piruetas e colocando a mão no peito ao som do Hino Nacional Brasileiro.

1996 - Atlanta
A transmissão dos Jogos Olímpicos mobilizou 348 profissionais de sete emissoras (Globo, Bandeirantes, SBT, Manchete, Record, ESPN Brasil e SporTV) do Brasil, país no qual possuiu o maior número de estações de TV na Olimpíada. Cada uma delas pagou 2 milhões de dólares pelos direitos de transmissão e investiram mais de 10 milhões de dólares em equipamentos para a cobertura do evento. As imagens oficiais foram geradas pela rede norte-americana ABC e todas elas utilizaram dois canais de satélite, um com as imagens da participação do Brasil nas principais modalidades e outro com flashes simultâneos de até 20 eventos diferentes, com conexão Miami-Atlanta para as partidas da Seleção Olímpica de Futebol que recebeu tratamento especial durante os Jogos. No total, os telespectadores puderam acompanhar a 94 horas diárias de transmissão olímpica somando a média horária de cobertura olímpica de todas as emissoras.

Rede Globo
Foi a que menos dedicou seu tempo para as Olimpíadas com média de quatro horas diárias de transmissão, sempre destacando a atuação dos atletas brasileiros (de preferência disputando uma medalha) em flashes ao vivo emitidos durante a programação, apesar de mandar a maior delegação da TV brasileira com 120 enviados especiais. Os ancoras das transmissões e de blocos especiais nos seus tradicionais telejornais foram de Fátima Bernardes, Fernando Vanucci e Paulo Henrique Amorim. A narração direta das provas foram de Galvão Bueno, Cléber Machado, Oliveira Andrade e Maurício Torres. O time de comentaristas contavam com Isabel (vôlei feminino), Bebeto de Freitas (vôlei masculino), Marcel de Souza (basquete) e Paulo Roberto Falcão (futebol). As reportagens ficaram a cargo de Marcos Uchôa, César Augusto, Maurício Kubrusly, Ernesto Paglia, Denise Chahestian, Sandra Annenberg, Glória Maria, Tino Marcos e Mauro Naves. O único programa Globo todo dedicado aos Jogos de Atlanta foi o tradicional Boletim Olímpico.

Rede Bandeirantes
O então "canal do esporte" foi a que mais dedicou sua grade na Olimpíada: enviou 80 profissionais, produziu uma média de 17 horas de transmissões olímpicas, cobrindo inclusive eventos sem a presença do Brasil e dois canais exclusivos de satélite ligados 24 horas por dia, evitando assim quedas abruptas de sinal no Brasil. O âncora das transmissões foi o tarimbado Elia Junior, a narração das provas foi de Luciano do Valle, Álvaro José, Jota Júnior e Marco Antônio Siqueira de Mattos e a equipe de comentaristas praticamente inalterada seguindo aquela frase "Em time que está ganhando, não se mexe": Roberto Rivelino (futebol), Paulo Russo (vôlei), Edvar Simões (basquete), Newton Campos (boxe) e também de Armando Nogueira, que restringia suas aparições com suas crônicas poéticas no Apito Final, debatendo o desempenho brasileiro no dia olímpico.

SBT
Mobilizou 65 profissionais, emitiu uma média de cinco horas e meia de transmissões por dia (mesmo preservando seus programas fixos) e investiu de 2 milhões de dólares em cinco toneladas de novos equipamentos. Fez acordo operacional de 300 mil dólares com a ESPN Brasil na utilização do canal duplo de satélite. De lá produziu seis edições diárias do Boletim das Olimpíadas e o resumo do dia no Jornal das Olimpíadas e a equipe contou com os locutores Silvio Luiz, Osmar de Oliveira e Nivaldo Prieto, os comentaristas Juarez Soares e Orlando Duarte e os repórteres Luiz Ceará, Antônio Pétrin, Luiz Carlos Azenha, Hermano Henning e Arnaldo Duran.

Rede Record
Investiu 1,5 milhão de dólares na cobertura da Olimpíada, com aluguel de estúdio de 120  e compra de equipamentos digitais (sendo cinco câmeras para focalizar imagens exclusivas das provas), além de mandar 34 enviados especiais para uma maratona de nove horas diárias de transmissões esportivas, acompanhando logicamente todo o desempenho da delegação brasileira. A narração das provas ficaram a cargo de Luiz Alfredo, Carlos Valladares e Paulo Stein e os comentários foram de Silvio Lancelotti (o primeiro chef de cozinha da televisão brasileira), Mário Sérgio (futebol) e William Carvalho (vôlei), sem contar as reportagens de Eli Coimbra, Márcio Moron e José Luiz Datena. No encerramento do dia olímpico, era colocado no ar o programa Record Olímpica, com o resumo dos acontecimentos.

Rede Manchete
Mesmo sendo a mais econômica dentre as emissoras abertas brasileiras, fez questão de marcar presença na aclamada Olimpíada de Ouro: todos os seus 25 profissionais se mobilizaram durante os 16 dias de evento no acanhado escritório do IBC, com custos limitados todas as transmissões não foram in loco e sim em off, foi a única emissora brasileira que preferiu utilizar um só canal de satélite devido ao alto custo técnico e teve a missão de emitir 15 horas diárias de transmissão, mostrando de cinco a seis eventos ao vivo. Vários informativos foram produzidos: A Caminho de Atlanta, Deuses do Olímpo e Movimento Olímpico, sem contar o Jornal da Manchete, comandado pela já denominada "Madame Nuzman", mas conhecida como Márcia Peltier. A transmissão das provas ficaram a cargo dos locutores Alberto Léo, Carlos Borges e Halmalo Silva e dos comentaristas Carlos Alberto Torres (futebol), Vlamir Marques (basquete), Ênio Figueiredo (vôlei), Mônica Brochado (natação) e Adhemar Ferreira da Silva (atletismo).

Emissoras por Assinatura
Os canais SporTV e ESPN Brasil disputaram entre si a preferência do público assinante. O SporTV procurou fazer uma cobertura mais autônoma, sem a influência da Globo: investiu 2,5 milhões de dólares, enviou 13 profissionais à Atlanta e mandou ver em 24 horas diárias de transmissão olímpica com os programas Diário de Atlanta e Show da Olimpíada e preenchendo espaço com VTs de várias disputas e documentários alusivos às Olimpíadas. A narração direta contou com os pioneiros do "canal campeão" Luís Carlos Júnior e Sérgio Maurício e no time de comentaristas tinha os jornalistas Armando Nogueira e Matinas Suzuki Jr., além de Bernard Rajzman, que comentou os jogos de vôlei. Já a ESPN Brasil tentou ser mais "criativa": mandou equipe de 11 pessoas, contou com 23 horas e meia de transmissão diária (interrompidas com o tradicional Sportcenter) e apresentou 10 programas especiais dedicado ao evento como Jornal de Atlanta. Como grande parte da equipe estava na "retaguarda", ou seja, na equipe de apoio no Brasil, sua delegação foi basicamente composta por seus locutores transmitindo direto as provas de praticamente todas as modalidades: Milton Leite, Paulo "Amigão" Soares, Luís Roberto de Múcio e João Palomino.

2000 - Sydney
O fuso horário de 14 horas pode ter atrapalhado os planos das emissoras, mas não impediu que virassem a madrugada adentro com um digno espetáculo esportivo. Apenas quatro emissoras toparam o desafio olímpico (Globo, Bandeirantes, SporTV e ESPN Brasil) e juntas enviaram uma delegação de 366 profissionais brasileiros. Demonstrando uma fortalecida saúde financeira, a Globo desembolsou 45 milhões de dólares ao Comitê Olímpico Internacional para garantir sua presença em três Olimpíadas seguidas (começando pelos Jogos de Sydney) com direito a um acordo de revenda dos direitos de transmissão à Rede Bandeirantes para dividir à cobertura olímpica, ou seja, firmaram um contrato de "oligopólio olímpico" por oito anos.

Rede Globo
Contou com a maior infra-estrutura da TV brasileira para a cobertura olímpica: mandou 125 pessoas para se mobilizarem no invejável espaço de 800 m² no IBC com ampla redação de jornalismo, ilhas de edição e dois estúdios, um deles com mini-platéia. Alugou dois canais exclusivos de satélite para mandar nove horas diárias de transmissão. Levou 21 câmeras, quatro delas exclusivas nas competições de futebol, vôlei, natação e atletismo. A Jornada Olímpica foi ancorada por Ana Paula Padrão, Léo Batista, Glenda Koslowsky e Pedro Bial, a narração das provas direto da Austrália ficaram à cargo de Galvão Bueno, Luiz Roberto de Múcio e Maurício Torres, os comentários foram de Walter Casagrande Júnior (futebol) e Renan (vôlei) e as reportagens ficaram à cargo de Marcos Uchôa, Carlos Dorneles, Pedro Bassan, Mauro Tagliaferri, João Pedro Paes Leme, Renato Ribeiro, Eduardo Grillo e André Trigueiro. Quem roubou a cena foi Jô Soares, que fez questão de comandar seu Programa do Jô direto de Sydney com o seu sexteto à tiracolo, graças ao fuso. Muita gente culpou a Globo pelo fato do Brasil não ter ganho uma mísera medalha de ouro, tudo por causa da "pé-frieza" do canguru Zé do Pulo, mascote virtual criado especialmente para as transmissões e que invadia tudo quanto era programa (muito mais "torcedor" do que a narração de Galvão Bueno), e do insuportável tema musical da banda Pato Fu que dizia "Vamos lá, ver o Brasil brilhar! (Hei! Hei! Hei! Vamos lá!)".

Rede Bandeirantes
Mandou uma delegação até então recorde para a cobertura da Olimpíada, 110 pessoas, e manteve sua tradição esportiva com 10 horas diárias de transmissão, totalizando cerca de 200 horas ininterruptas durante a madrugada, enviou 10 câmeras, alugou estúdio de 400  e também contou com um canal duplo de satélite. Os blocos especiais dos telejornais ficaram a cargo de Fernando Vanucci, Sílvia Vinhas e Márcia Peltier, a narração direta das provas foi de Luciano do Valle, Álvaro José, Nivaldo Prieto e Eduardo Vaz, o time de comentaristas tinha o eclético Orlando Duarte e mais Hortência (basquete), José Roberto Guimarães (vôlei) e o então debutante Neto (futebol), que ainda não pensava meter o bedelho onde não era chamado (tipo João Saldanha), e as reportagens foram de Oswaldo Pascoal, Márcio de Castro, Adriana Bittar e Luciana Mariano. E ainda mandou ver na reprise das principais provas durante a tarde para aqueles que não madrugavam para ver as competições.

SBT
Estando rigorosamente em dia com os pagamentos de suas mensalidades do "carnê" da OTI (Organização das Telecomunicações Ibero-Americanas), a emissora tinha o direito de transmitir a Olimpíada (!) e a possibilidade de quebrar, nem que seja uma única vez, o "oligopólio olímpico" de oito anos firmado entre Band e Globo. Foi até uma boa consequência, mas dois motivos a impediram de fazer uma digna cobertura do evento: não tinha equipe esportiva e ainda por cima o subestimou alegando "dificuldade em conseguir publicidade em plena madrugada". O muquiranismo de Silvio Santos, que sempre fala mais alto nos bastidores da emissora, foi outra desculpa "SBTista" dada pelo então superintendente de programação Eduardo Lafound, explicando sobre o alto investimento e o custo inviável de montar uma equipe (nem mesmo de reportagem) e enviá-la à Sydney para as transmissões diretas. Mesmo assim, ficou na promessa de realizar uma transmissão diária que nunca aconteceu e teria o comando do então "free-lancer" Osmar de Oliveira e alguns convidados nos estúdios da Anhanguera. Sua cobertura se resumiu no bloco especial O Brasil nas Olimpíadas, exibido no fim de noite no telejornal SBT Notícias com Hermano Henning, trazendo um resumo dos acontecimentos dos atletas brasileiros e os resultados das provas. Mas não passou em branco, fez questão de transmitir ao vivo, conforme prometido, as Cerimônias de Abertura e Encerramentos dos Jogos.

Emissoras por Assinatura
Foi a primeira vez que as duas emissoras pagas segmentadas do esporte SporTV e ESPN Brasil utilizaram dois canais ao mesmo tempo para transmitir o evento por completo totalmente ao vivo, 24 horas por dia, só que a ESPN tinha vantagem em utilizar um terceiro canal, o "estrangeiro" que estava se nacionalizando, mas para exibir em VT os eventos que não puderam ser mostrados ao vivo. O SporTV mandou 80 pessoas e a ESPN enviou 51. O SporTV chegou a fazer acordo com a rede norte-americana NBC, detentora dos direitos exclusivos de transmissão olímpica nos Estados Unidos, para gerar imagens exclusivas e a ESPN montou até uma "clínica de sono" para que sua equipe ficasse em dia com o relógio biológico devido ao fuso. No IBC, o SporTV tinha estúdio de 240 m² e a ESPN tinha um espaço de 300 m². Para a narração das provas direto do local, o SporTV escalou Luís Carlos Júnior, Lucas Pereira e Sérgio Maurício e a ESPN contava com Milton Leite, Paulo Soares, João Palomino e Cledi de Oliveira. No time de comentaristas, o SporTV contava com Robson Caetano e Maurreen Maggi (atletismo), Magic Paula (basquete), Fernanda Venturini (vôlei), Júnior e Raul Plassmann (futebol); enquanto que a ESPN escalou Ana Moser (vôlei), Douglas Vieira (judô), Silvio Fiolo (natação) e Paulo Cézar Vaconcellos (futebol). Nos programas especiais, o SporTV tinha De Olho em Sydney em duas edições e a ESPN Brasil contava com Bom Dia Sydney e Boa Noite Sydney. No SporTV, as transmissões foram ancoradas por Daniela Monteiro e Susana Werner e na ESPN os apresentadores foram Luís Alberto Volpi e Soninha Francine.

2004 - Atenas
Como careço de informações sobre a transmissão das emissoras por assinatura das Olimpíadas seguintes, vou apenas focalizar as emissoras abertas, nas quais notei na época uma diferença gritante de cobertura e estrutura técnica de transmissão. Mesmo adotando uma postura torcedora e sentimentalista, a Globo chegou a fazer uma cobertura até um pouco melhor e bem mais organizada se comparada com a da Band, que só mostrou os Jogos para cumprir contrato porque sua equipe esportiva tinha sofrido um enorme desmanche e dava-nos a impressão de que o antes chamado "canal do esporte" tinha desaprendido a fazer cobertura esportiva, até porque a direção da emissora sofreu sensíveis mudanças e o foco principal era a linha de shows com programas de entretenimento e variedades.

Rede Globo
Manda uma equipe de 100 enviados especiais ocupando um estúdio de 470 m² no IBC. Na parte tecnológica, faz uso pioneiro de câmeras digitais XDCAM, onde a gravação é feita em alta resolução com discos ópticos, abolindo de vez o uso de fitas, gravadas em memória de computador agilizando o processo de edição entre a captura de imagens e a exibição do material finalizado pelas cinco ilhas de edição da Grécia e transferido para o Brasil via-satélite. A narração direta das provas esteve a cargo de Galvão Bueno e Maurício Torres. No time de comentaristas teve Tande (vôlei masculino), Leila (vôlei feminino), Robson Caetano (atletismo) e Ricardo Prado (natação). As reportagem foram de Tino Marcos, Pedro Bassan, Regis Röesing, Marcos Uchôa, João Pedro Paes Leme, Glenda Koslowsky, César Tralli, Graziela Azevedo e Glória Maria. Na equipe de apoio no Brasil, 50 pessoas se mobilizaram para a transmissão de algumas provas, que tiveram a narração de Cléber Machado e Luís Roberto de Múcio, que não embarcaram para a capital grega devido aos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol.

Rede Bandeirantes
Desfalcada de Luciano do Valle e de outros importantes nomes da imprensa esportiva, que estavam na Record, a cobertura olímpica ficou meio que "sem brilho". Sua equipe em Atenas contou com 60 profissionais no IBC (50 da Band aberta e 10 do canal pago BandSports, que fazia sua primeira Olimpíada) para uma cobertura conjunta que contou com 15 horas ininterruptas de transmissão, o que provocou alterações de praxe na sua programação, já totalmente dominada por programas da linha de shows. Mesmo assim, enfrentou o empecilho do Horário Eleitoral Gratuito das eleições municipais de 2004 duas vezes, sendo assim obrigada a interromper as transmissões, isso na parte da tarde, às 13 horas: uma em 17 de agosto, impedindo a transmissão de 30 minutos do segundo tempo entre Brasil e Grécia pelo torneio de futebol feminino e outra em 28 de agosto, interrompendo a transmissão da decisão da medalha de bronze do vôlei feminino entre Brasil e Cuba (iniciada ao meio-dia e também transmitida pela Globo). Os únicos narradores para as transmissões diretas das provas foram Silvio Luiz, Álvaro José e Eduardo Vaz. O time de comentaristas ficaram no Brasil, as alardeadas Mulheres de Atenas, que vez e outra apareciam naquelas insuportáveis "janelinhas" durante as transmissões, dentre as quais estavam Isabel (vôlei de praia), Ana Moser (vôlei de quadra), Juliana Cabral (futebol), Luísa Parente (ginástica artística) e Vanessa Menga (tênis). Três nomes roubaram a cena na transmissão da Band: o jornalista Carlos Nascimento, que foi à Atenas só pra transmitir a Cerimônia de Abertura, a cantora Margareth Menezes, que cantava a todo instante o tema olímpico "Um por todos, todos por um" (tão insuportável quanto o tema do futebol da Globo) e José Luiz Datena, que matou as saudades dos tempos em que trabalhava com esporte para narrar dos próprios estúdios os jogos de vôlei por causa do policialesco Brasil Urgente. Isso sem contar a criação de um mascote virtual chamado Medalino, vestido de "deus grego", que aparecia na tela dando piruetas "à la Amarelinho" a cada vitória brasileira e aparecia dourado, prateado ou "bronzeado" de acordo com a medalha que o Brasil acabara de conquistar.

2008 - Pequim
A transmissão dos Jogos Olímpicos foi a primeira exibida em HDTV no Brasil. Cinco emissoras mostraram ao vivo o evento, mesmo com o fuso horário de 11 horas a mais, duas abertas e três pagas (Globo, Bandeirantes, SporTV, ESPN Brasil e BandSports). Entre as duas únicas redes abertas presentes na Olimpíada, as quais ocuparam estúdios de cerca de 500 m² no IBC, a Rede Globo enviou 120 profissionais para 10 horas de transmissões diárias ao Brasil, contou com os repórteres Sônia Bridi, César Tralli, Ernesto Paglia, Pedro Bassan, Régis Röesing, Bruno Lawrence, Abel Neto, Carlos Gil, Renato Ribeiro, Marcos Uchôa, Eric Faria e Mauro Naves, os comentários de Tande (vôlei), Oscar Schmidt (basquete masculino), Hortência (basquete feminino), Robson Caetano (atletismo) e Gustavo Borges (natação), os apresentadores Tino Marcos, Tadeu Schmidt, Glenda Kozlowsky e Pedro Bial e apenas o narrador Galvão Bueno teve a incumbência de comandar as transmissões diretas. Enquanto que a Rede Bandeirantes teve 80 enviados especiais para produzir 15 horas de transmissões diárias e teve a presença dos repórteres Henri Karan, Fernando Fernandes, Emily Virgílio, Paloma Tocci, Sérgio Gabriel e do então CQC Felipe Andreoli, os comentários de Virna (vôlei) e Luiza Parente (ginástica artística), os apresentadores Renata Fan, Elia Júnior, Guilherme Arruda e Luise Altenhofen e a narração direta de Luciano do Valle, Silvio Luiz, Álvaro José, Osmar de Oliveira e Nivaldo Prieto na capital chinesa.

2012 - Londres
Com cinco anos de antecedência, a Rede Record adquire por 60 milhões de dólares direto do Comitê Olímpico Internacional, os direitos de transmissão exclusiva em TV aberta dos Jogos Olímpicos na capital da Inglaterra para o Brasil. Obviamente financiada pela Igreja Universal do Reino de Deus, teve o absurdo de enviar a exagerada delegação de 200 profissionais para fazer aquilo que podemos chamar de "transmissão ostentação" e que logo foi classificada como "a mais vergonhosa de todas". A narração das provas eram feitas dos estúdios do IBC e isso dava para ser notado através da variação do áudio de quem tava narrando e de quem tava comentando (em sua maioria ex-atletas que ao invés de analisar coerentemente as provas, torciam quase que descaradamente pelos atletas brasileiros, subestimando os adversários, e que estavam confortavelmente acomodados nos estúdios-cabine com os ancoras de quase todos os telejornais da emissora como Janine Borba, Celso Zucatelli e Mylena Ciribelli). Os locutores foram Lucas Pereira, Marco Túlio Reis, Marcos Fernando, Eduardo Vaz, Álvaro José e Octávio Muniz e os comentários, entre tantos nomes, foram de Romário (futebol), Virna (vôlei), Acelino "Popó" de Freitas (boxe) e Magic Paula (basquete). Dentre as TV por assinatura estavam SporTV, ESPN Brasil e BandSports, esta foi a saída para dois grandes narradores esportivos da TV aberta não ficarem de fora da Olimpíada: Galvão Bueno pelo SporTV e Luciano do Valle (em sua última Olimpíada, morreu dois anos depois devido a uma parada cardíaca) pelo BandSports. Segundo os índices do IBOPE de São Paulo daquela época, a Record só liderou a audiência nas transmissões de futebol, algumas de vôlei e na disputa do judô feminino que deu a medalha de ouro para a nossa judoca Sarah Menezes, de resto o público permaneceu fiel a Globo, com ou sem Olimpíada.

E no Rio de Janeiro, como será a transmissão da TV aberta e da TV por assinatura? Vai variar o estilo? Vai ter muito "comentarista" torcendo mais que os narradores? A informação será abafada pelo "ufanismo arrogante" de uma imprensa contaminada pelo "poder de desmande" das redes sociais? Vai rolar muitas gafes imperdoáveis e tiradas idem? É só esperar para ver quem vai levar as medalhas.