HISTÓRIA: Semana Maldita na Globo

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sábado, 14 de abril de 2018

HISTÓRIA: As Copas na Telinha - 3ª Parte

Como hoje não teremos programação antiga no meu blog, iremos retomar a história das transmissões das Copas do Mundo na TV brasileira e hoje vamos abordar o período que vai de 1986 a 1998, portanto quatro Copas. É nesse período que uma importante instituição fazia valer sua voz numa nação-continente como o Brasil: a OTI (Organização das Telecomunicações Ibero-Americanas). Essa empresa sem fins lucrativos com sede no México continua de pé até hoje e continua responsável pelos direitos de venda das principais competições esportivas internacionais para toda a América Latina. A Copa de 86 fez parte de um pacote que a OTI adquiriu no qual incluía também as Copas de 78 e 82, em que deu início aquela conhecida cláusula contratual às emissoras associadas: só transmitia a Copa do Mundo quem transmitisse também os Jogos Olímpicos. Isso valeu também no pacote adquirido pela OTI em 1987 com as Copas de 90, 94 e 98. Quem era associado a entidade tinha que desembolsar a bagatela de US$ 1,5 milhão para ter o direito de transmissão das Copas do Mundo, parcelando em cinco vezes de US$ 300 mil, sem contar no pagamento da anuidade mensal da entidade de US$ 2.083,33. Hoje parece uma merreca, mas naquela época era uma fortuna e precisava estar financeiramente saudável para cumprir tal compromisso. No mais, vamos direto aos Mundiais!

1986 - México
Enfim, o Mundial do México deixou de ser exclusividade da Rede Globo e as outras emissoras voltaram a ter o direito de transmissão da competição, ainda mais com as entradas das novatas redes Manchete e SBT, enquanto que Bandeirantes e Record "fizeram as pazes" com esse tipo de cobertura. Pela primeira vez foi utilizado um recurso que, quando duas partidas eram realizadas simultaneamente, sendo que uma delas obviamente era transmitida ao vivo, os gols e lances do jogo paralelo passam a ser mostrados em vídeo-tape instantaneamente após terem acontecidos em forma de flashes. Essas emissoras puderam se instalar nos estúdios do Centro Internacional de Transmissão da Cidade do México, um edifício de oito andares com 15 mil m² e investimento de US$ 50 milhões em equipamentos de última geração, acomodando 1.700 jornalistas do mundo inteiro. Vamos ver como cada uma exibiu a "Copa de Maradona":


Rede Globo - "Mexe Coração"
Foram 120 pessoas que se mobilizaram para a cobertura da Copa, sendo 90 no México e mais 30 na equipe de retaguarda nos extintos estúdios do Jardim Botânico. Montou uma redação com estúdio no IBC de Guadalajara, local onde a Seleção Brasileira fez seus jogos, cujo comando ficou com Armando Nogueira, (um dos maiores cronistas esportivos de todos os tempos e que comandava um debate especial em dias de jogos do Brasil) que chefiou o jornalismo, e Leonardo Gryner, gerente de esportes. Na outrora "terra do tri", os jogos tiveram a narração de Osmar Santos, Galvão Bueno e Luiz Alfredo e comentários de Zagallo, Rubens Minelli e Altafini Mazzola (foram exibidos 30 jogos ao vivo). Na equipe de reportagem, contava com Mário Jorge Guimarães, Roberto Thomé, Luís Fernando Lima, Francisco José, Carlos Nascimento, Isabela Scalabrini, Ernesto Paglia, Hermano Henning, Reginaldo Leme, Carlos Dorneles, Ilze Scamparini e Lucas Mendes. Não podemos esquecer do "velhinho" Léo Batista, que comandava um pré-jogo direto do México com toda a movimentação e os preparativos para os jogos do dia com reportagens ao vivo. O programa era o Copa 86, que tinha uma segunda edição, com um resumo do dia em forma de revista com 50 seções diversificadas com matérias especiais, crônicas, entrevistas, comentários, estatísticas, curiosidades, melhores momentos dos jogos e esquetes de humor com Chico Anysio e João Kléber. O programa era apresentado por Fernando Vanucci, que estava na retaguarda, e comandava também os intervalos de jogo. Além de Vanucci, o narrador Fernando Sasso, o comentarista Carlos Alberto Torres e o árbitro José Roberto Wright completavam a equipe de apoio. A grande novidade era o computador Tira-Teima, um software importado da Itália com imagem de vídeo-game, que paralisa a imagem das jogadas, processa informações que indicam a distância entre jogador e adversário, a bola e o gol, a velocidade dos chutes, além de tirar as dúvidas dos lances mais polêmicos das partidas, as jogadas de outros ângulos e a trajetória dos chutes a gol, entrava no ar nos intervalos das partidas. Além disso alugou um canal exclusivo de satélite ligado por 12 horas diárias e colocou duas câmeras exclusivas nos jogos do Brasil mostrando o comportamento dos torcedores e jogadores, além de vinhetas musicais e assinatura dos jogadores a cada gol brasileiro com um coração em verde-amarelo pulsando na tela. Embolsou US$ 40 milhões nas cotas de patrocínio vendidas a Philips (top de 8 segundos), Brahma Chopp, Black & Decker, Cigarros Hollywood, Caixa Econômica Federal e Laboratórios Dorsay. Porém um personagem marcou muito a cobertura Global na Copa de 86: para mobilizar os telespectadores, criou a campanha Arakém na Copa, onde o notável showman interpretado pelo videomaker José Antônio Barrinhos Freire se transformava em golman, e que após os jogos do Brasil fazia palhaçadas para os adversários que perdiam para a Seleção Brasileira, menos pra França que eliminou o Brasil nos pênaltis (mas todo mundo pediu pra ver o Arakém detonando a retaguarda de Napoleão e foi ao ar no dia seguinte no Fantástico).

       

Curiosidade: jogavam Brasil x Argélia, segundo compromisso de nossa Seleção na fase de grupos. Osmar Santos estava escalado pra narrar o jogo, porém não contava com um imprevisto: foi internado às pressas num hospital de Guadalajara, umas fontes dizem que eram problemas estomacais (o famoso Mal de Montezuma), mas outros garantem que ele estava sofrendo de hemorroidas. Independentemente disso, Galvão Bueno foi escalado às pressas pra narrar a vitória brasileira por 1x0, gol de Careca. Antes da Copa, havia uma disputa nos bastidores para saber quem seria o narrador titular da Globo no torneio até porque o chefão Global Boni queria o "garoto" Osmar", mas Armando Nogueira preferia Galvão, que já se destacava nas transmissões das corridas de Fórmula 1.


Rede Bandeirantes - "O Canal da Copa"
Foi a mais esperta de todas, embora tenha levado a menor delegação da TV brasileira ao México: 45 profissionais liderados por Paulo Matiussi (chefe de jornalismo) e Teti Alfonso (coordenador geral). Esperta porque mostrou todos os 52 jogos da Copa, dos quais 39 eram ao vivo, e aconteciam no horário de Brasília às 15 e às 19 horas. No horário das 15 horas haviam sempre dois jogos, então um jogo era transmitido ao vivo e até começar o jogo das 19 horas, exibia o VT completo do jogo paralelo às 17 horas para segurar o público para a próxima partida, que sempre entrava no ar 15 minutos antes de começar e acabava 15 minutos depois de serem encerrados. Os narradores eram Luciano do Valle, Jota Júnior e Marco Antônio Siqueira de Mattos e os comentaristas eram Juarez Soares, Júlio Mazzei e os tricampeões de 70 Roberto Rivelino, Clodoaldo e o "Rei" Pelé. Não podemos esquecer da equipe de repórteres que tinha Elia Júnior, Roberto Cabrini, Gilson Ribeiro, Eduardo Savóia e Flávio Carvalho. Direto do México, a apresentadora Elys Marina fazia os flashes ao vivo com as últimas notícias da Copa durante a programação e de lá, apresentava também os carro-chefes Esporte Total e Show do Esporte. Ao todo foram 128 horas de transmissão, uma média de quatro por dia, com transmissões, boletins e programas especiais e US$ 6 milhões de investimento para possibilitar a transmissão. Na equipe de retaguarda nos estúdios do Morumbi, tinha o coordenador geral Fernando Vilela e o apresentador Alexandre Santos, que ficava sempre de plantão quando caía o sinal de som direto do México e narrava os lances até o problema ser resolvido, além de comandar o Jornal da Copa mostrando os resultados dos jogos e com direito a edição especial em dias de jogos do Brasil com toda a equipe da Band debatendo o desempenho da Seleção direto do estúdios do IBC no México. Embolsou US$ 20 milhões na venda das cotas adicionais para Tabacow (replay) e Motorádio (tempo de jogo) e nas cotas de patrocínio nacional para Antarctica, Petrobrás, Tramontina e Chevrolet. Durante os jogos do Brasil, colocava no ar um pinguim (símbolo da Antarctica) fazendo embaixadinhas que aparecia na tela de 6 a 13 vezes e cabia ao telespectador escrever uma carta para adivinhar quantas vezes ele iria aparecer durante o jogo valendo um automóvel Chevette zero quilômetro na Copa de Prêmios, o primeiro concurso de prêmios da TV brasileira durante uma Copa.

     

Curiosidade: Argentina x Alemanha decidiram aquele Mundial e Luciano do Valle queria porque queria garantir sua presença naquele jogo histórico. Só que havia um porém: estava com um voo marcado para Madri para cobrir o Mundial de Basquete Masculino, que começaria dali a três dias, justamente durante o segundo tempo da final da Copa e era o único disponível que partiria da Cidade do México antes da abertura do evento de bola ao cesto na Espanha. Com as malas prontas, "Bolacha" narrou apenas o primeiro tempo e no intervalo, pra não perder o avião, passou o comando da transmissão para Marco Antônio Siqueira de Mattos narrar o segundo tempo da partida que consagrou Maradona e cia., vencendo os alemães por 3x2. Foi o maior momento da carreira deste notável locutor esportivo, natural de Ribeirão Preto, que faleceu em 2004 vítima de um acidente de carro.

Rede Manchete - "A Copa Total"
A primeira Copa de uma emissora que mal estava há três anos no ar e não economizou esforços: mandou a maior delegação da TV brasileira no México com 106 enviados especiais chefiados por Luiz Toledo (diretor geral) e Nelson Hoineff (coordenador geral). O esquema era grandioso que 60% do Departamento de Engenharia, liderado por Lourenço Carvano, integrou o time da Manchete. Na saudosa emissora carioca, a Copa foi de fato total pois foram 18 horas de cobertura diária de transmissão com pré-jogo, debates, telejornais, entrevistas ao vivo e compactos das partidas, todos eles intitulados simplesmente como Copa Total, com oito inserções diárias sob o comando da jovem Mylena Ciribelli direto do México e Walter Abrahão nos estúdios do Russell liderando a equipe de retaguarda. Assim como a Band, mostrou todas as 52 partidas, sendo 39 ao vivo, mas os VTs dos jogos paralelos foram deslocados para o fim de noite. A narração ficou por conta de Paulo Stein, Alberto Léo (então gerente de esportes da emissora) e Halmalo Silva e os comentários de João Saldanha, Márcio Guedes e Roberto Moura, estes direto dos locais das partidas, enquanto que Washington "Apolinho" Rodrigues, Armando Marques e Sandro Moreyra ficavam nos estúdios do IBC para as mesas-redondas após os jogos, sem falar no jornalista Villas-Bôas Correa, que fazia uma crônica diária para o Jornal da Manchete. Nas reportagens tinha Iata Anderson, Oscar Eurico, Antônio Stockler, Marcos Uchoa, Paulo César Andrade, Helvídio Mattos, Marcelo Passos, Xico Teixeira, Rui Lima e Luiz Carlos Azenha. A emissora alugou um canal duplex de satélite que permitia a integração de imagens simultâneas entre México e Brasil com custo de US$ 2,5 milhões. Nas transmissões dos jogos do Brasil, tinha até câmera exclusiva e uma boca distribuindo beijos ao jogador brasileiro que marcara um gol. As cotas de patrocínio foram vendidas para Votorantim (próxima atração), National (top de 8 segundos), Relógios Orient (tempo de jogo), Banco do Brasil, Gillette, Cigarros Camel e Nestlé, acumulando mais de US$ 15 milhões. A General Eletric até negociou a compra de uma quinta cota comercial com a Manchete, mas, precavida, voltou atrás depois que o Brasil empatou em 1x1 com o Chile no último amistoso pré-Copa disputado em Curitiba e pediu o dinheiro de volta.

 

Curiosidade: Durante a transmissão do jogo entre Uruguai x Alemanha Ocidental pela fase de grupos, sucessivos problemas técnicos atrapalharam a exibição do jogo pela TV no mundo inteiro. Desde o início da Copa do México, emissoras europeias implicavam com a organização da competição quanto as falhas técnicas de imagem e som durante as partidas e o jogo entre uruguaios e alemães foi a gota d'água que atingiu em cheio todas as estações de TV presentes em Querétaro naquela oportunidade. Quem assistiu ao jogo em qualquer canal pôde notar que a imagem da partida sumia ou "frisava" na tela, enquanto que o áudio das respectivas emissoras continuavam no ar e isso persistiu até o término do jogo (que acabou empatado em 1x1). A solução para as emissoras era colocar um slide do Estádio La Corregidora, local da partida, e o problema alegado pelos organizadores foi a queda no sinal de satélite de televisão.

SBT/Record - "Copa do Mundo com Emoção em Dobro"
A palavra de ordem era "Unidos, Venceremos!", isso porque Silvio Santos era dono de 50% das ações da Record e a fez integrar um pool com o SBT dividindo custos, os integrantes da equipe e até o sinal de transmissão permitindo a integração dos profissionais dos seus respectivos setores de esporte das duas emissoras. Foram investidos US$ 6,5 milhões para o envio da equipe de 50 pessoas ao México e levaram ao ar 150 horas totais de cobertura da competição. A coordenação geral ficou a cargo do chefe da equipe, Rui Viotti, a narração dos jogos foi de Silvio Luiz, Osmar de Oliveira e Carlos Valladares, comentários de Ciro José, Juca Kfouri, J. Hawilla e do jovem João Carlos Albuquerque e reportagens de Flávio Prado, Jorge Kajuru, Eli Coimbra, Fábio Sormani e Ernesto Varela (alter-ego de Marcelo Tas). Mostrou ao vivo 35 jogos dos 52 do torneio, o resto passou em vídeo-tape no fim de noite. Durante a competição, teve direito a um canal exclusivo de satélite, programou 10 mesas-redondas transmitidas direto de um pequeno estúdio do Hotel Holliday Inn em Guadalajara (onde a equipe estava hospedada), quatro especiais com retrospectos ao longo da competição e sete boletins diários de cinco minutos de duração ao longo da programação diária, com reportagens sobre o Mundial e matérias especiais intitulado De Olho na Copa, cujo horário de exibição do programa poderia variar de acordo com a programação de cada uma das duas emissoras pertencentes do pool. Porém, entrava no ar sempre meia-hora antes dos jogos e o comando era feito no Brasil por José Luiz Meneghatti (Record) e Ivo Morganti (SBT), ambos se revezavam nos intervalos de jogo. Em dias de partidas do Brasil, o repórter especial Ernesto Varela arrancava depoimentos bem-humorados dos torcedores na porta do Estádio Jalisco de Guadalajara e de personalidades durante a Copa, como o histórico bate-boca que protagonizou com o chefe da delegação do Brasil Nabi Abi Chedid na concentração do time. Acumulou US$ 17,2 milhões na venda das cotas nacionais de patrocínio para Antarctica, Cigarros Mistura Fina, Jeans Pierre Cardin, Casas Pernambucanas e Pílulas De-Lussen.

     

Curiosidade: Em uma das mesas-redondas, o calor mexicano era tão forte que o comentarista Juca Kfouri teve que participar do programa usando sandálias e pediu para que fosse focalizado somente de plano médio. Nesse mesmo programa, Juca pediu para que Silvio Luiz começasse a gravar o programa o mais rápido possível para que ele saísse mais cedo para telefonar para sua mãe que estava fazendo aniversário. O programa transcorreu normalmente até o final, quando as sandálias do Juca foram focalizadas em close e "Iogurte" encerrou o programa puxando o coro do "Parabéns a Você" em homenagem a mãe do comentarista e então editor-chefe da revista Placar, enquanto que um produtor trazia um simbólico bolo de aniversário.

1990 - Itália
Minha gente, o Plano Brasil Novo fez o povo brasileiro apertar o bolso e ter que se sustentar com Cr$ 50 mil e olhe lá. Isso afetou também as emissoras de TV que se preparavam para transmitir a Copa do Mundo. Os quatro canais juntos acumularam cerca de Cr$ 136 milhões na vendas das cotas de publicidade. E a briga pela audiência ficou mais acirrada: dos 100% de televisores ligados durante os jogos, a Globo como sempre liderou a audiência com médias de 58%, o SBT em segundo com 15%, a Manchete com 14% e a Bandeirantes com 13%. Grandes esquemas de cobertura tiveram que ser desfeitos e repensados, mas algumas que não foram tão afetadas tiveram um pouco mais de sorte como iremos ver a seguir, mas se esforçaram ao máximo para mostrar os 41 jogos ao vivo da competição, sempre exibidos ao meio-dia e as 16 horas pelo horário de Brasília:



Rede Globo - "Papa Essa Brasil"
Com a intenção de levar cerca de 100 pessoas à Itália, a Globo, diante do Plano Collor, teve que diminuir os gastos e enxugou seu contingente para 35 pessoas, mesmo assim obteve US$ 14 milhões nas cotas de patrocínio oferecidos a São Luiz/Nestlé (top de 5 segundos), Laboratórios Dorsay, Brahma Chopp, Arisco, Sadia e Itaú. O reflexo disso tudo foi a ausência da sua tradicional câmera exclusiva durante os jogos do Brasil, porém o Tira-Teima continuava na ativa esclarecendo os lances polêmicos. Sua equipe se dividiu entre Roma, de onde foi aproveitada toda a estrutura da sua afiliada européia, a TMC (Tele Monte Carlo), e Turim, onde ficou concentrada a Seleção Brasileira. Na Itália, o comando da transmissão foi do ex-comentarista Ciro José (diretor da divisão de esportes) e Hedyl Valle Jr. (coordenador geral), tendo ainda o apresentador Fernando Vanucci, o locutor Galvão Bueno, os comentários de Pelé e Arnaldo Cézar Coelho e os repórteres Tino Marcos, Roberto Thomé, Luís Fernando Lima, Carlos Dorneles, Ernesto Paglia, Lenise Figueiredo e Ilze Scamparini. Enquanto que na equipe de retaguarda no Brasil, Alfredo Taunay (supervisor de eventos) exerceu a simples tarefa de supervisionar as transmissões, além dos apresentadores Léo Batista e Isabela Scalabrini, os locutores Cléber Machado e Oliveira Andrade e os comentários de Raul Plassmann e Chico Anysio. Diariamente, levou ao ar Bom Dia Itália pela manhã, com um resumo dos acontecimentos da véspera, os preparativos dos jogos e o dia da Seleção Brasileira, direto da Itália, e Momento da Copa à noite, com curiosidades sobre os Mundiais anteriores, além de comentários, rápidas reportagens e gols com 5 minutos de duração, sem contar o Bate-Bola, exibido em horário nobre nos dias de jogos do Brasil com Galvão Bueno e convidados especiais (o técnico brasileiro Sebastião Lazaroni batia cartão sempre) analisando o desempenho da Seleção Brasileira jogo a jogo com uma hora de duração. A grande novidade da transmissão foi o Bolão do Faustão, feita em parceria entre a Editora Globo, Concessionárias Chevrolet, UNICEF e Correios do Brasil. Os cupons eram disponíveis nas agências dos Correios por Cr$ 1.000 e tinha a seguinte pergunta: Quantas vezes o Brasil foi campeão mundial de futebol? O dinheiro arrecadado na venda dos cupons, foi revertido para as obras assistenciais do UNICEF e os sorteios aconteciam antes e depois das transmissões das partidas. Para cada transmissão, eram feitas duas apurações: na primeira apuração, três cupons eram sorteados e cada um deles ia torcer para umas das equipes que jogariam ou até mesmo pelo empate (que só aconteceu durante a fase de grupos) e após a partida, de acordo com o resultado, um dos cupons ganhava um automóvel Kadett Turim Série Especial zero quilômetro; e na segunda apuração, após o jogo, um novo cupom era sorteado e acompanhava o vencedor da apuração anterior para, também, ganhar o automóvel. O comando dos sorteios foi de Fausto Silva e João Kléber e premiou 82 automóveis. Quem era sorteado e não ganhasse o Kadett, ganhava uma bicicleta 18 marchas.

      

Curiosidade: Pode parecer piada, mas o humorista Chico Anysio já exerceu a função de comentarista esportivo na Globo. Ele havia sido radialista esportivo ainda nos anos 50, trabalhou com Geraldo José de Almeida na TV Excelsior nos anos 60, comentou a estreia de Pelé no Cosmos já na Globo em 1975 e futebol pra ele era coisa séria (apesar de ter sido palmeirense de coração, a deficiência moral da cartolagem fez ele trocar o América-RJ pelo Vasco). Em 1989, foi convidado pela Globo a exercer a função de comentarista nos jogos do Brasil em amistosos, Copa América e nas Eliminatórias e era nome confirmado na cobertura da Copa 90. Porém, teve de comentar os jogos no Brasil, mas algumas de suas tiradas ficaram nos anais da história como ter chamado um jogador da Coréia do Sul de "Jaspion" no jogo contra o Uruguai, criticou a favorita Holanda, então campeã europeia, durante a partida de estreia alegando que "pode fazer um gol, como pode não fazer ou até levar um contra". Mas o melhor comentário foi no jogo das oitavas-de-final entre Camarões x Colômbia quando um jogador chamado M'Fede foi substituído pelo "vovô" Roger Milla no segundo tempo: "A entrada do Milla no lugar do M'Fede vai deixar o meio-campo de Camarões um pouco mais perfumado".

Rede Bandeirantes - "O Canal da Copa"
A Bandeirantes, contando com a parceria da Luqui Promoções, desafiou o Plano Collor e mandou a maior equipe da TV brasileira para cobrir o Mundial da Itália: 120 pessoas. Este contingente teve três comandantes: João Esteves (diretor de eventos), Paulo Mattiusi (diretor de jornalismo) e Nélson Guzzardi (gerente de operações). Eles tiveram a responsabilidade de pôr no ar 180 horas de programação voltadas para o torneio. Antes do início da Copa, mandou uma equipe de reportagem para a Europa com entrevistas exclusivas com os jogadores estrangeiros que brilhariam na Itália. A emissora alugou também um grande estúdio do Centro Internacional de Imprensa em Roma e escalou 36 pessoas para fazer a cobertura do dia-a-dia da Seleção Brasileira. Os jogos tiveram a narração de Luciano do Valle, Silvio Luiz, Jota Júnior e Marco Antônio Siqueira de Mattos e comentários de Juarez Soares, Roberto Rivelino, Zico, Gérson, Mário Sérgio, Júlio Mazzei, Giovanni Bruno, Silvio Lancelotti e Armando Nogueira, um timaço. Na cobertura jornalística, o comando era de Elys Marina e Luís Andreoli e as reportagens de Flávio Prado, Gilson Ribeiro, José Luiz Datena, Elia Júnior e Olivério Jr. Ao contrário de outras TVs, que enxugaram os custos para garantir a Copa, o dinheiro sobrou em seu caixa e somente pelas cotas de patrocínio vendidas para Fiat, Sharp, Skol, Caixa Econômica Federal, Tramontina e Bardhal, e mais as complementares de Velho Barreiro (próxima atração), Perdigão (top de 8 segundos), Flexa Carioca (replay) e Penalty (tempo de jogo), arrecadando US$ 40 milhões de dólares (sendo toda essa quantia investida para a transmissão), a ponto de alugarem um jatinho para o deslocamento da equipe por toda a Itália nas transmissões dos jogos não importando a distância. Inovou na criação de um pré-jogo uma hora antes do início das rodadas com as primeiras notícias da competição e os comentários sobre os jogos do dia que poderia se chamar Esporte Total ou Show do Esporte, dependendo do dia da semana. Os vídeo-tapes de outros jogos que aconteceram no mesmo horário das transmissões ao vivo, eram exibidos na íntegra após as rodadas, mostrando assim todos os 52 jogos da Copa. Mas a grande atração ficava por conta da mesa-redonda Apito Final, com uma hora de duração exibido todas as noites e ao vivo, repercutindo a rodada do dia e os acontecimentos durante o torneio, com Luciano do Valle e equipe. Tinha a crônica diária de Armando Nogueira (que era pura poesia), a "reportagem surpresa" de José Luiz Datena (que podia falar de tudo, menos futebol) e a participação especial do músico Antônio Pecce Jr., o nosso querido Toquinho ("Aquarela", "Tarde em Itapoan" e "Voa Coração"), responsável pela trilha incidental do programa com alguma peça relacionada ao assunto do dia.

    

Curiosidade: Luciano do Valle fez questão de fazer do seu Apito Final uma mesa-redonda fora do convencional. Uma das novidades era a participação musical de um protegido seu, Toquinho, que era famosíssimo na Itália, fanático por futebol (corintiano pra variar) e fascinado por conviver com seus ídolos boleiros, mas era o alvo de chacota preferido de Silvio Luiz sem ele saber. Para indicar onde ficava os estúdios da Band no IBC de Roma, ele colocava setas com o nome "Toquinho" e numa das vezes, deparou com a seguinte frase escrita no quadro negro da redação: "Será que o Toquinho comia o Vinícius ou Vinícius comia o Toquinho?". Decidido a ir a forra e acreditando que a brincadeira foi de algum ex-jogador, apagou a lousa e escreveu "Todo craque, sem exceção, é viado". Mas se vingou quando convidou toda a equipe a jantar todas as noites após o Apito Final num restaurante gerenciado por dois amigos dele em Roma. O jantar naquele lugar era programa obrigatório e as brincadeiras  maldosas pararam por ali.

Rede Manchete - "Na Manchete, a Copa é Total"
A Manchete foi outra emissora que "desafiou" o Plano Collor para dar a seus telespectadores aquilo que chamava de "show de cobertura" no Mundial da Itália. Além de ter arrecadado US$ 8,5 milhões em cotas publicitárias vendidas a Bradesco (top de 8 segundos), Perdigão (replay), New Ness Jeans (placar), Ford (tempo de jogo), Kaiser, Votorantim, Philco-Hitachi, Credicard Mastercard e Chambourcy-Nestlé, investiu US$ 7 milhões para centralizar a transmissão em um pequeno estúdio no Centro Internacional de Imprensa em Roma, onde muitos jogos eram transmitidos em off por lá, programando 232 horas de programação dedicadas à Copa, incluindo os flashes ao longo da programação, tanto na Itália quanto no Brasil, que contava com o trabalho de 650 profissionais nas principais cidades do país. A Copa Total era segmentada dessa forma: Manchete na Itália, diariamente pela manhã, com o melhor do dia anterior, gols, destaques e comentários da rodada; Manchete Esportiva, com o noticiário do dia direto da Itália; Raio-X do Jogo, sempre antes das transmissões com o perfil dos times que se enfrentariam e entradas ao vivo; Toque de Bola, diariamente à noite, comandado por Paulo Stein e equipe, mostrando uma revista diária sobre o torneio, análises da rodada, as equipes e os resultados da semana; Melhores Momentos do Jogo, todo domingo de manhã com os compactos dos principais jogos da semana na Itália; Show de Gols, todo domingo à noite com os gols da semana; Feras da Copa, após as transmissões o perfil dos grandes destaques do torneio na Itália; Mulheres Debatem, duas horas antes dos jogos do Brasil, onde Leda Nagle comandava uma mesa-redonda exclusivamente feminina. Houve presenças de Dercy Gonçalves, Luma de Oliveira, Luiza Brunet, Monique Evans, Sandra Cavalcanti, Angela Leal e Christiana de Oliveira (as duas últimas representavam a novela-sucesso Pantanal), além de convidadas como Patrícia Amorim, Alcione, Hortência, Dona Zica da Mangueira, Marta Suplicy e Luiza Erundina; e Seleção em Manchete que sempre era levada ao ar uma hora antes em dia de jogo do Brasil. O apresentador Alberto Léo, que também exerceu a função de diretor de esportes, chefiou a delegação da Manchete composto por 50 profissionais, ao lado de Mauro Costa, chefe de eventos, e Luiz Toledo, coordenador geral. Os três mandaram oito equipes de reportagem para se concentrarem em quatro cidades italianas (Asti, Verona, Udine e Roma) cobrindo 20 das 24 seleções participantes. Os repórteres eram Isabel Tanese, Paulo César Andrade, Viviane Lima, Antônio Pétrin, Luís Carlos Azenha, Antônio Stockler, Luís Cosme e Renato Incarnação. Os jogos que tiverem coincidência de horário foram apresentados em compactos diários às 18h15. A narração dos jogos direto da Itália foi de Osmar Santos, Paulo Stein e Osmar de Oliveira e comentários de Márcio Guedes, Zagallo, João Saldanha, Armando Marques e Paulo Roberto Falcão. Na equipe de retaguarda, estiveram a apresentadora Mylena Ciribelli, os narradores Halmalo Silva e Ivan Mendes e os comentários de Eli Coimbra, Valdir Espinoza e Roberto Dinamite.

      

Curiosidade: A Copa da Itália marcou a estreia do repórter Eli Coimbra na Manchete. Ele tinha feito toda a cobertura da preparação da Seleção Brasileira durante dois anos pela Band e ficou magoado quando o nome dele não constava na lista da equipe que iria pra Itália. Pediu demissão e passou a comandar as mesas-redondas dos estúdios da Manchete no Russell. Eli permaneceu na Manchete até 1991 quando fez as pazes com a Band. Mas também foi a última Copa testemunhada por João Saldanha, polêmico jornalista, comunista convicto e ex-técnico de futebol. Ele quis porque quis ir ver a Copa direto da Itália contrariando as recomendações médicas intimidando inclusive a tesouraria da emissora para liberar sua diária e comprando uma passagem para ver o Mundial com dinheiro do próprio bolso, pois estava muito doente e andava numa cadeira de rodas. Sua teimosia e o excesso de trabalho custou um alto preço: após comentar a semifinal em que a Argentina derrotou a Itália nos pênaltis (coincidentemente no dia em que completava 73 anos), sentiu fortes dores no peito e foi internado no Hospital Santa Eugênia de Roma durante uma semana e quatro dias depois da conquista do título da Alemanha no torneio, Saldanha morreu de edema pulmonar agudo.

SBT - "Na Copa, o SBT é Mais Brasil"
O diretor Luciano Callegari havia planejado cobrir a Copa da Itália enviando uma super delegação de 65 pessoas, mas como todas as outras emissoras acabou sendo vítima do Plano Collor. Mesmo assim, manteve a meta de levar ao ar 170 horas de programação dedicadas ao Mundial. Inicialmente, escalou três correspondentes internacionais para residirem em Roma especialmente para esta cobertura, logo o número subiu para 10 e nada mais: entre eles, o narrador Luiz Alfredo, os comentaristas Orlando Duarte e Telê Santana e os repórteres Luiz Ceará, Paulo Lima e Hermano Henning. O resto ficou confinado nos estúdios da Vila Guilherme, em São Paulo, cuja equipe foi liderada por Michel Lawrence (chefe de jornalismo esportivo, outro grande nome da imprensa segmentada) e Roberto Cabrini (então editor de esportes), que escalaram 100 profissionais em todo o Brasil (sendo 50 somente em São Paulo) para a produção de reportagens locais em colônias estrangeiras durante os jogos. Foram escalados os apresentadores João Carlos Albuquerque, Kitty Baliero e o próprio Roberto Cabrini, os narradores Carlos Valladares e Ivo Morganti, e os comentários de Emerson Leão e Sócrates. O TJ Brasil com Bóris Casoy teve um bloco especial para a cobertura da competição, focando o outro lado do torneio, a repercussão no exterior e o comportamento dos torcedores. Aquelas partidas que não foram apresentadas ao vivo por coincidência de horário ou por causa da programação da emissora (dois jogos da fase de grupos programados para o meio-dia de domingo não foram exibidos por interferirem o horário do Programa Silvio Santos), foram mostradas em compactos no fim de noite, encerrando a programação da rede. Ao todo foram ao ar 39 jogos ao vivo. Foram investidos US$ 14 milhões e arrecadou US$ 15 milhões com o patrocínio de Banco do Brasil (top de 8 segundos), Lacta (replay, "esse lance merece um Bis"), Antarctica, Grupo Pão de Açúcar, Kolynos, Bradesco Seguros e Bombril. Quem também garantiu presença na transmissão do Mundial foi o boneco Amarelinho. A animação computadorizada criada pelo designer gráfico Yastake Fassimoto da equipe do Departamento de Criação Visual  do SBT, que contava também com Fernando Pelégio, Everálvio de Jesus, Ângelo "Macarrão" Ribeiro e Luiz Wanderlei de Lima, Amarelinho (que teria sido inspirado no Naranjito, mascote da Copa de 82, e que poderia ter se chamado "SBTão") surgiu nas transmissões da Copa América e das Eliminatórias da Copa no ano anterior animando a torcida brasileira, cativando principalmente o público infantil e feminino. Suas aparições nos jogos do Brasil viraram uma atração a parte, no canto do vídeo fazendo piruetas, reagindo a cada lance do jogo e o narrador Luiz Alfredo chegando a dialogar com ele durante o transcorrer das partidas.

  

Curiosidade: O técnico Telê Santana tinha acertado com o SBT que faria os comentários da Copa direto da Itália apenas na fase de grupos, pois ele tinha acabado de negociar com o Palmeiras, tornando-se técnico do clube, tendo que se apresentar em 22 de junho, no intervalo entre a fase de grupos e as oitavas-de-final, sendo assim fazendo os comentários dos jogos até o final nos estúdios da emissora na Vila Guilherme, que inclusive eram próximos do Estádio do Canindé, em São Paulo. Isso facilitou o trabalho de Emerson Leão, então técnico da Portuguesa de Desportos, que comandava os treinos pela manhã e saía "correndo" para comentar os jogos da Copa no período da tarde.

1994 - Estados Unidos
Dos mais de 8 mil jornalistas de rádio e televisão credenciados pela FIFA, 302 cobriram a Copa do Mundo em um pool formado pelas redes Bandeirantes, Globo e SBT. Cada uma delas pagaram US$ 3 milhões pelos direitos de transmissão e montaram grandes esquemas de cobertura para o Mundial disputado num país sem tradição no futebol mas com tradição em esquemas de marketing e publicidade para atrair o público aos estádios. Esses planos de cobertura das grandes redes, segundo os diretores dos canais, é para compensar o atraso de quatro anos antes quando o Plano Collor obrigou as emissoras a demitir funcionários, economizar gastos, mudar a programação e diminuir o número de enviados especiais para a Itália. Com a chegada do Plano Real em 1º de julho de 1994, os custos foram barateados e as emissoras foram possibilitadas em investir mais em tecnologia durante a cobertura. Na venda de cotas publicitárias nada a reclamar, as três redes acumularam juntas US$ 177 milhões pagos pelas agências que cobriram espaços de cerca de 20 patrocinadores como bebidas, montadoras de veículos, bancos, eletrodomésticos e empresas de telecomunicação. Grande parte das notícias da competição foram centralizadas no IBC (International Broadcast Center) de Dallas, com 20 mil m² de estúdios para rádio e televisão do mundo inteiro. O grande desfalque da Copa dos Estados Unidos na TV brasileira é a ausência da Rede Manchete, o que levou a dobrar a cota de transmissão das emissoras. Sem verbas para adquirir os direitos de transmissão e um pouco combalida depois do "Caso IBF", segundo o diretor de jornalismo Fernando Barbosa Lima, não teve a menor possibilidade em investir na competição e mandar repórteres para cobrir ao menos os jogos do Brasil. O fato permitiu que a emissora carioca pedisse desculpas a seu público e explicando sua ausência no torneio. Uma pena, a emissora da família Bloch perdeu a chance única de transmitir a conquista do tetracampeonato. Band, Globo e SBT ainda ofereceram um pacote com três minutos de imagens de cada jogo por 150 mil URVs às outras emissoras para complementarem as noticias da Copa, mas nenhuma delas se interessou preferindo pegar as imagens "mastigadas" que vinham via-satélite da rede norte-americana CNN.


Rede Globo - "94, Copa do Mundo, a Globo é mais Brasil"
A transmissão Global conduzida por 140 profissionais foi dividida em duas partes, Ciro José coordenou as transmissões esportivas e Luiz Nascimento dirigiu a cobertura jornalística do evento. Embolsou US$ 70 milhões de dólares no patrocínio de Lacta (próxima atração), Mc Donald's (top de 5 segundos), Coca-Cola, Grendene, General Motors, Kaiser e Itaú. Ao contrário das duas outras redes que optaram mostrar todos os jogos da Copa (ao vivo e em VT), a Globo diluiu a overdose futebolística em sua programação normal para não atrapalhar o horário de exibição de suas novelas e shows e acabou mostrando ao vivo dois jogos por dia, o que levou a ter uma média diária de sete horas de cobertura. Foram ao todo 38 jogos ao vivo com a narração de Galvão Bueno, Oliveira Andrade e Cléber Machado e os comentários de Pelé, Raul Plassmann, Juca Kfouri e Arnaldo Cézar Coelho. Com a vantagem de possuir um escritório de correspondência internacional em Nova York em comparação às outras emissoras, não dispensou o uso do IBC de Dallas de onde partiram a transmissão de de seus principais telejornais: Fernando Vanucci com o Globo Esporte, Jornal Hoje, Esporte Espetacular e Placar Eletrônico, Carlos Nascimento com o Jornal Nacional e Fátima Bernardes com o Jornal da Globo e Fantástico, além de deslocar 14 equipes de reportagens encabeçados por Tino Marcos, Mauro Naves, Marcos Uchôa, Roberto Thomé, Luís Fernando Lima, César Augusto, Caco Barcellos, Pedro Bial, Carlos Dornelles, Ernesto Paglia, Hermano Henning, Roberto Cabrini, Paulo Henrique Amorim e Sônia Bridi se deslocando em oito cidades-sede do torneio (San Francisco, Los Angeles, Dallas, Orlando, Chicago, Washington, Nova York e Boston). A turma do Casseta & Planeta Urgente! enviou quatro integrantes: Bussunda, Cláudio Manoel, Marcelo Madureira e Reinaldo. Eles participaram de flashes durante a programação e tiveram aparições diárias nos principais jornalísticos da emissora parodiando a Seleção Brasileira e seus adversários. Contou com a utilização de dois canais exclusivos de satélite ligados 24 horas por dia, para a transmissão de notícias e envio de imagens, duas unidades móveis de reportagem para flashes ao vivo e quatro câmeras exclusivas durante os jogos do Brasil (duas filmando a partida no nível do campo, uma junto a torcida registrando as reações das pessoas e a última no alto do estádio) todas equipadas com o inédito recurso Super Slow-Motion em um aparelho norte-americano da EVS System. Nos intervalos das partidas, um Tira-Teima mais avançado continuou desvendando as jogadas da competição e a grande inovação das transmissões foi o quadro Análise Tática, onde os comentaristas poderão desenhar sobre a imagem congelada na tela através de um software estrangeiro, o Touch Screen. Antes das partidas do Brasil, a Globo fazia um pré-jogo uma hora antes dos jogos e alugou até um helicóptero para registrar as imagens do movimento dos torcedores e a chegada do ônibus da Seleção Brasileira nos estádios. O Jornal da Globo Especial com uma hora de duração em dia de jogo do Brasil, era um misto de telejornal com mesa-redonda onde Lilian Witte Fibe e convidados, direto dos estúdios da Globo em São Paulo (ainda no bairro de Santa Cecília), discutiram o resultado das partidas e havia um quadro interativo permitindo o telespectador a dar notas aos jogadores. Ao final de cada fase, apresentava o Balanço da Copa mostrando os destaques da competição, o histórico das equipes e, logicamente, tudo sobre a Seleção Brasileira. Assim como no Mundial anterior, devido ao seu enorme sucesso, o Bolão do Faustão estava de volta e dessa vez os sorteios foram transmitidos direto do Ginásio do Flamengo, Rio de Janeiro, repleto de novidades. Novamente contando com a parceria da Editora Globo e Correios do Brasil, os cupons estiveram na nova Revista do Faustão, com curiosidades sobre a Copa, custando 1 URV, com a manjadíssima pergunta: Quantas vezes o Brasil foi campeão mundial de futebol? Para cada transmissão, três apurações e os cupons, após sorteados por 15 assistentes de palco e "recrutas" dos Correios, passaram pela auditoria da Trevisan Independente (contratada especialmente para este serviço) para verificar a validação do participante: na primeira, três cupons foram sorteados e cada um deles vai torcer para umas das equipes que jogariam ou até mesmo pelo empate (que só aconteceu durante a fase de grupos); na segunda, o "Sortudo do Intervalo" onde um cupom era sorteado e ganhava na hora um automóvel zero quilômetro; e na terceira, de acordo com o resultado, um dos cupons ganhava um automóvel Corsa GL 1.4 zero quilômetro, enquanto que os outros dois levavam um televisor a cores 29 polegadas com controle remoto, além do "Sorteio da Carona", onde um novo cupom era sorteado e acompanhava o vencedor da apuração anterior para, também, ganhar o automóvel. Ao todo foram oferecidos 74 televisores e 117 automóveis. O último sorteio aconteceu em 24 de julho, uma semana depois da final da Copa do Mundo, com o chamado "Super-Bolão", onde três cupons eram sorteados e faturaram 525 mil URVs em prêmios, em forma de Planos de Previdência Itauprev quitados (primeiro plano de 300 mil URVs, segundo plano de 150 mil URVs e terceiro plano de 75 mil URVs).

             

Curiosidade: Na final entre Brasil x Itália, Tino Marcos era o único repórter de TV presente no gramado. Muito antes de ser criada a "zona mista", o acesso ao gramado só era permitido a fotógrafos e cinegrafistas. Então, o repórter conseguiu passar pela segurança do Estádio Rose Bowl como operador de cabo. Após a disputa de pênaltis que deu o tetra ao Brasil, remontou um microfone sem fio e conseguiu depoimentos ao vivo dos jogadores Bebeto, Romário, Taffarel, Viola e Branco. A Globo tinha feito experiência semelhante na Copa de 90, na Itália, quando o repórter Roberto Thomé, munido de um telefone celular, ficou próximo ao banco de reservas do Brasil dando informações exclusivas durante o jogo Brasil x Costa Rica e ainda conseguiu entrevistar o goleiro Taffarel após a partida.

Rede Bandeirantes - "Mundial 94, Olho na Copa, Olho na Band"
Com 82 enviados especiais, a Band foi a emissora que dedicou mais tempo de sua programação falando da Copa do Mundo. Acumulou US$ 52 milhões em cotas vendidas para Tramontina (próxima atração), Johnson's (top de 5 segundos), Arisco, Antarctica, Caixa Econômica Federal, Davene, Fiat e Gillette. Adquiriu oito câmeras e seis ilhas de edição e sua equipe de reportagem composta por Eli Coimbra, Octávio Muniz, José Luiz Datena, Gilson Ribeiro, Silvia Vinhas, Maria do Carmo Fúlfaro e Luciano Jr. se dividiu entre Los Angeles, Dallas e San Francisco. O resultado foram 250 horas, sendo 12 por dia, equivalente a 10 dias inteiros, somente com imagens, comentários e reportagens de futebol. Elia Júnior, Simone Melo, Cléo Brandão, Luís Andreoli e Alessandra do Valle se revezavam no comando da cobertura da competição direto de um estúdio exclusivo em Miami que a Band possuía na época para as transmissões da NBA e futebol americano. A cobertura diária começava ao meio-dia com boletins, matérias, flashes ao vivo, entrevistas e reportagens sobre o evento e terminava a meia-noite com o Apito Final, repercutindo e debatendo os resultados das partidas com a participação de Armando Nogueira e Zico e toda a equipe de comentaristas, bem como a participação da Seleção Brasileira na competição e a reportagem-surpresa de Datena, com intervalo apenas para o Dia Dia, Jornal Bandeirantes e Jornal da Noite. Foi a única emissora que exibiu todos os 52 jogos da competição na íntegra com 46 partidas ao vivo e seis vídeo-tapes exibidos entre as transmissões diretas ou até mesmo em dias e horários em que a bola não rolou, beliscando o segundo lugar de audiência. Em dia de jogo do Brasil, a emissora fez questão de reprisar a partida na íntegra às 22h30, fazendo com que o Apito Final começasse mais tarde. A narração foi de Luciano do Valle, Silvio Luiz, Jota Júnior e Marco Antônio Siqueira de Mattos e comentários Gérson, Roberto Rivelino, Tostão, Mário Sérgio, Juarez Soares e Armando Nogueira.

     

Curiosidade: A transmissão da Band causou muita polêmica pelo fato de criticar a todo instante os jogadores brasileiros e o técnico Carlos Alberto Parreira, bem à moda paulista e fazendo o gosto de seu público-alvo. Um exemplo dessas críticas foi no jogo Brasil x Suécia, ainda na fase de grupos quando Parreira colocou em campo Paulo Sérgio no lugar de Raí no segundo tempo. Luciano do Valle disse que "a substituição foi tão esdrúxula que dá o direito de pensar que o treinador tenha participação na venda do jogador". Enquanto isso, Juarez Soares implicava direto com o "calculismo" e "falta de raça" da Seleção: "O Parreira é robotizado e fez dos nossos jogadores 11 robôs. Ele tirou dos jogadores o que o ser humano tem de mais precioso: a liberdade de criar". Tomando conhecimento das queixas excessivas, a delegação do Brasil proibiu o acesso dos repórteres da Band na concentração e até houve um rumoroso episódio de que as credenciais dos repórteres Gilson Ribeiro, Eli Coimbra e José Luiz Datena teriam sido roubadas por funcionários Globais, que tinham carta branca em entrar e sair a todo momento da concentração do time brasileiro.

SBT - "Copa 94, a melhor jogada é aqui no SBT"
A emissora mandou duas equipes totalizando 80 pessoas, sendo 51 no IBC de Dallas, comandadas por Luciano Callegari Jr., e 29 no Hollywood Center Studios de Los Angeles, chefiados por Willem Van Werelt. Mesmo dividindo o mesmo canal de satélite com a Bandeirantes (compartilhado-o na hora das partidas e na utilização em horários alternados para cada rede), mostrou os 52 jogos da Copa, sendo 37 ao vivo e outros 15 em compactos de uma hora exibidos no fim de noite em uma cobertura cuja média diária foi de oito horas de transmissão. Vendeu US$ 55 milhões em cotas de patrocínio oferecidos a Brahma Chopp (próxima atração), Credicard Mastercard (top de 5 segundos), Arisco, Prosdócimo, Gessy-Lever, Philco, Bradesco e Sistema Telebrás. A narração era de Luiz Alfredo, Osmar de Oliveira e Carlos Valladares e os comentários de Orlando Duarte, Telê Santana e Carlos Alberto Torres. No aparato técnico, foi mais modesta em relação às concorrentes: investiu US$ 12 milhões na compra de quatro câmeras e cinco ilhas de edição. As reportagens estava à cargo de Antônio Pétrin, Luiz Ceará, Arnaldo Duran e Eduardo Savóia. O telejornal Aqui Agora foi o único da programação fixa da emissora que falou de Copa do Mundo, com a repercussão das partidas em terras brasileiras. O bonequinho Amarelinho também esteve presente no Mundial, animando e reagindo com os telespectadores durante os jogos do Brasil (com direito a duas câmeras exclusivas), fazendo a alegria das transmissões vibrando com os gols da Seleção, reclamando da arbitragem e até lamentando os gols adversários (a ponto de criarem uma promoção desafiando o público a adivinhar quantas vezes ele ia aparecer nos jogos do Brasil concorrendo a prêmios dos patrocinadores da transmissão, cujos sorteios eram apresentados pela equipe de retaguarda que apresentava o intervalo de jogo: Sérgio Éwerton e Marcelo Guimarães). Diariamente no fim de noite, exibiu o Resumo da Copa com Osmar de Oliveira e equipe, mostrando todo o noticiário completo da Copa com debates, entrevistas, reportagens e melhores lances dos jogos do dia. O comediante e entrevistador Jô Soares levou o seu Onze e Meia em sua bagagem para os Estados Unidos e sua equipe de 29 pessoas a tira-colo e de lá fez o Jô na Copa, uma co-produção do SBT com a Brahma Chopp, gravado nos estúdios da Hollywood Center Studios de Los Angeles. No programa, foram entrevistados personalidades brasileiras residentes nos Estados Unidos ou ligadas à Copa do Mundo e em dia de jogo do Brasil, comandava uma mesa-redonda debatendo a atuação da Seleção Brasileira ao lado de jornalistas, um jogador e um treinador.

       

Curiosidade: Mesmo perdendo o segundo lugar, a transmissão da Copa correspondeu as expectativas. O repórter Arnaldo Duran chegou a ser "flagrado" em uma cena do longa Todos os Corações do Mundo, filme oficial do competição, tentando pegar uma palavrinha do jogador argentino Diego Maradona após receber a notícia de que fora flagrado no exame anti-doping. Essa mesma Copa foi marcante na carreira de Luiz Alfredo, filho de Geraldo José de Almeida (falecido em 1976), que entrou para a história ao narrar o Brasil conquistando o tetracampeonato 24 anos depois de seu pai ter narrado o tricampeonato de 1970. A disputa de pênaltis que deu o tetra ao Brasil teve uma matéria especial exibida no Aqui Agora no dia seguinte: o repórter Luiz Ceará e o cinegrafista Javier Malavasi registraram imagens exclusivas das cobranças de pênaltis atrás do gol e as comemorações dos jogadores brasileiros. Ceará não segurou a emoção e vibrou à distância com os jogadores tetracampeões.

1998 - França
Nunca se viu tanto futebol em tão pouco tempo na TV brasileira. Para a Copa da França, um número recorde de sete TVs brasileiras (cinco emissoras abertas e duas pagas) planejaram transmitir ao vivo quase todas as 64 partidas do Mundial, equivalendo a 96 horas de exibição em 33 dias de competição. Todos os canais tiveram condições de gerar imagens da França 24 horas por dia, totalizando mais de 660 profissionais entre os 8 mil jornalistas de rádio e televisão credenciados pela FIFA, com câmeras exclusivas para os jogos do Brasil, estúdios montados no Centro Internacional de Transmissão, no Centro de Exposições da Porta de Versailles, em Paris, equipamento digital, up-link (sinal de subida da França para um satélite que desce depois no Brasil) e um timaço de jogadores-comentaristas. Todos eles também ancoraram parte de seus principais telejornais e mesas-redondas na França, os quais apresentaram boletins atualizados das notícias da competição. Em média, os programas sobre futebol ocuparam 240 horas das programações das emissoras.


"Copa 98, a Globo é Mais Brasil"
A Rede Globo foi a TV estrangeira que montou na França o maior esquema de transmissão do evento com 160 enviados especiais. A cobertura e transmissão dos jogos serão coordenados por Luiz Nascimento e Fernando Guimarães, o jornalismo por Carlos Henrique Schröeder e Luiz Erlanger e o esporte por Luís Fernando Lima. Na primeira fase, exibiu 33 partidas num total de 49 transmissões ao vivo e mostraram tiverem potencial de audiência fora do normal numa folgada liderança ibopística deixando as concorrentes com pontuação inferior a 10 pontos. A narração foi de Galvão Bueno, Cléber Machado, Luís Roberto de Múcio e Maurício Torres, e os comentários de Pelé, Paulo Roberto Falcão, Júnior, Walter Casagrande Jr., Arnaldo César Coelho e José Roberto Wright. Na retaguarda, a participação de Romário e o locutor de plantão Oliveira Andrade, em caso de problemas no sinal. Montou uma redação em Paris de 750 m² onde dividiu seus noticiários ora na França, ora no Brasil. Os apresentadores escalados na França foram Renato Machado, Mylena Ciribelli, Fernando Vanucci, William Bonner, Mônica Valdwogel e Pedro Bial. Além dos tradicionais noticiosos, apresentou também o Placar da Copa exibido aos domingos com uma hora de duração, onde era mesclado variedade, jornalismo, comentários e reportagens sobre o comportamento dos torcedores na França, com Maurício Kubrusly e Suzana Werner, e Bate Bola, exibido sempre nos dias dos jogos do Brasil, seja dentro do Jornal da Globo ou como atração independente, discutindo de forma descontraída a atuação da Seleção Brasileira, com o comando de Galvão Bueno e equipe e convidados especiais. Dois canais exclusivos de satélites ficaram disponíveis 24 horas para que a equipe enviasse matérias a qualquer hora do dia e da noite, um deles era um satélite de retorno do Brasil, possibilitando a conversa ao vivo dos jogadores com seus familiares. Além de mobilizar 15 equipes de reportagem encabeçados por Tino Marcos, Mauro Naves, Marcos Uchôa, Maurício Kubrusly, Régis Röesing, Olivier Anquier, Suzana Werner, Carlos Dornelles, Ana Paula Padrão, Pedro Bassan, Sônia Bridi, Ernesto Paglia, Márcio Canuto e Glória Maria, levou quatro integrantes do Casseta & Planeta, Urgente! (Hubert, Bussunda, Cláudio Manoel e Reinaldo, que desembarcaram com 60 volumes de bagagem). Contou com cinco câmeras exclusivas nos jogos do Brasil, estúdio completo de 170 m² montado numa tenda gigante dentro da concentração do Brasil entre Ozoir-La-Ferrière e Lèsigny, contando com retorno de satélite, ilhas de edição, sala de controle e mini-redação e produziu os Tira-Teimas (nos intervalos das partidas) e efeitos virtuais através dos canais de satélite. As cotas de patrocínio foram vendidas a Parmalat (top de 5 segundos), Itaú, Kaiser, Guaraná Brahma, Volkswagen e Grendene, acumulando mais de R$ 160 milhões.

  

Curiosidade: Por decisão do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, o sistema telefônico do 0900 é declarado oficialmente uma prática ilegal e em 25 de maio, a prática havia sido suspensa, mas todas emissoras mantiveram as promoções tele-0900 visando a Copa do Mundo. Enquanto a Band tinha seu Tele-Sorte, chegando a sortear 5 automóveis Porsche, e a Manchete com o Bolão do Zagallo, sorteando kits oficiais da CBF e prêmios de R$ 10 mil, a Globo cria a promoção 500 Gols do Faustão, conseguindo receber 36 milhões de ligações e obtendo R$ 142 milhões de arrecadação. No final das contas, o faturamento Global na transmissão da competição chegou a R$ 300 milhões. Só que pouco antes da abertura da Copa, travou um "duelo" com a Record nesse setor, já que a concorrente havia lançado a Bolada Milionária Record em parceria com a LOTERJ, oferecendo 1.999 prêmios (501 automóveis, 10 casas, 10 caminhões, 1.477 televisores e um helicóptero) avaliados de R$ 8 a 10 milhões, recebendo 27 milhões de ligações e faturando R$ 115 milhões numa promoção que só terminou em setembro. Como contra-ataque, resolveu sortear prêmios em dinheiro no valor total de R$ 1,5 milhão e ainda mudou o número do telefone de 0900-700-500 para 0900-70-1500.

"Band, Brasil na Copa"
O ex-canal do esporte resgatou sua velha essência enviando 120 pessoas à França e levando 300 horas totais de cobertura, sendo oito por dia, onde as transmissões dos jogos se iniciaram uma hora antes com a "Espera da Copa", onde Elia Júnior, Simone Mello e Silvia Vinhas se revezavam no comando. Mostrou todos os 64 jogos da Copa, sendo 56 ao vivo e oito em vídeo-tape com a narração de Luciano do Valle, Jota Júnior, Nivaldo Prieto e Marco Antônio Siqueira de Mattos e comentários de Gérson, Rivellino, Bobô, Zito, Armando Nogueira, Mauro Beting, João Zanforlin. A emissora se disponibilizou de um estúdio de 300 m² com equipamento digital no IBC de Paris, um jato especial para a locomoção da equipe, além de duas equipes de reportagem com 21 pessoas que ficaram no pé da Seleção Brasileira. A equipe de reportagem era composta por Oswaldo Paschoal, Fernando Fernandes, Carlos Eduardo Lino, Elias Awad, Carla França e Márcio de Castro. Três canais de satélites estiveram ligados 24 horas por dia (uma fez a conexão com Paris e os outros dois à disposição da emissora). Em jogos do Brasil, a rede abriu os microfones para a torcida brasileira ao vivo em vários pontos do país e colocou duas câmeras exclusivas colocadas estrategicamente em locais onde as câmeras da TV francesa não estavam posicionadas, uma delas atrás de um dos gols. Os compactos dos jogos do dia foram apresentados na Faixa Nobre Especial da Copa que mostrava também o resumo do dia de competição. Até o Jornal da Band foi apresentado direto de Paris, com Paulo Henrique Amorim. Além disso foram apresentados Papo de Bistrot, programete diário exibido em duas edições onde Paulo Henrique Amorim e Armando Nogueira comentavam as principais notícias de jornais franceses; o boletim França em Três Tempos, em três edições onde Elia Júnior apresentava a cobertura completa da competição com matérias, reportagens, os lances das partidas e o dia-a-dia dos jogadores e Apito Final, o debate diário com a avaliação dos jogos da Copa, as equipes e os lances polêmicos com a apresentação de Luciano do Valle e a presença de todos os comentaristas, além de convidados especiais. Nos dias de jogo do Brasil teve duas horas de duração. Suas cotas de patrocínio foram adquiridas por Brahma Chopp, Tramontina, Peugeot, Caixa Econômica Federal, Penalty e Leites Nestlé, embolsando mais de R$ 110 milhões.

   

Curiosidade: Em 24 de junho, por muito pouco, os telespectadores brasileiros quase ficaram sem a transmissão do jogo entre França x Dinamarca pela fase de grupos. Motivo: o cantor Leandro, da dupla Leandro & Leonardo, havia falecido na véspera e várias emissoras ocuparam grande parte do tempo da programação mostrando ao vivo o velório e o cortejo do cantor sertanejo. O enterro de Leandro foi exibido pelas redes Globo, Manchete, SBT e Record que estenderam a tal transmissão pela manhã inteira, invadindo o horário do jogo (que começou às 11 da manhã), até às 11h45 quando o corpo do cantor fora oficialmente sepultado. A Record prolongou as homenagens a Leandro e cancelou a transmissão do jogo, enquanto que as outras duas redes já mencionadas só começaram a emitir as imagens de França x Dinamarca pouco antes do segundo tempo. A Band foi a única que mostrou o jogo ao vivo do início ao fim como "contra-programação" e os franceses venceram a partida por 2x1.

"Na Copa, o Brasil é Manchete"
A delegação da Manchete de 90 profissionais, chefiada por Alberto Léo (esportes) e Mauro Costa (eventos), esteve instalada na França desde 21 de maio, sempre seguindo os passos da Seleção Brasileira, chegando até mesmo a transmitir os treinos ao vivo de manhã e exibir no horário nobre uma série de cinco programas contando a trajetória das Copas do Mundo. Permanecer no ar 17,5 horas por dia com a programação voltada para a Copa diretamente da França, num estúdio de 110 m², onde transmitiu sua programação ininterruptamente com Bate Bola com Zagallo toda sexta-feira onde o então técnico da Seleção Brasileira analisa a competição ao lado do amigo Paulo Stein; Bate Bola na Copa, boletim diário de cinco minutos sobre curiosidades dos estádios e as cidades-sede, além de entrevistas e comentários com convidados especiais; Raio-X exibido diariamente, meia-hora antes de cada transmissão com as últimas informações sobre os jogos, as equipes e as expectativas dos torcedores para os jogos; Debate da Copa, depois da última transmissão do dia (dependendo da programação da emissora), com a participação dos comentaristas da emissora emendado com Feras da Copa apresentando o perfil dos principais jogadores; Show de Gols com os melhores momentos dos jogos do dia e os gols da rodada e Copa Total com um resumo especial da competição todo fim de noite. Nos dias dos jogos do Brasil, o canal abria as transmissões com o boletim informativo Seleção em Manchete sobre os jogadores brasileiros e A Caminho do Penta com retrospectos dos jogos do Brasil, inclusive o Jornal da Manchete com Márcia Peltier, contando com as reportagens de Ana Paula Rocha, José Ilan, Solange Bastos, Marcos Garcia e Lúcia Abreu. Para a emissora, o importante era focalizar as partidas que interferirem na campanha do Brasil e cada comentarista era responsável por uma equipe específica. Havendo dois jogos no mesmo horário, a Manchete como outras TVs transmitiu a partida principal e acompanhou paralelamente a outra que esteve ocorrendo no mesmo horário, mostrando inclusive os principais lances e os gols conforme foram acontecendo durante a transmissão principal. Transmitiu 56 jogos ao vivo e oito compactos com a narração de Paulo Stein, Edson Mauro, Januário de Oliveira, Carlos Borges e Cledi de Oliveira, comentários de Renato Gaúcho, Paulo Autuori, Edinho, Valdir Espinoza, Washington "Apolinho" Rodrigues, Carlos Heitor Cony, Milton Neves e Armando Marques. Suas cotas comerciais foram vendidas à Sony, Pirelli, Relógios Orient, Banco Santander e Embratel.

    

Curiosidade: a transmissão da Copa foi um fracasso ibopístico para a Manchete, cujas transmissões não chegavam a 1 ponto de audiência, quase que relegada ao traço. O grande investimento para a competição pareceu não ter adiantado em nada e a crise se agravou ainda mais, culminando com o fim de suas atividades no ano seguinte. O que piorou as coisas foi o fim do sistema 0900 que era a principal fonte de renda da emissora, já que em julho, pouco depois do fim do torneio, o Tribunal Regional Federal - 3ª Região - SP declarou oficialmente suspenso o uso do tele-0900 nas emissoras de televisão, por não cumprir as ordens judiciais. O Bolão do Zagallo foi a última investida da Manchete na tele jogatina, conseguindo um faturamento irrisório de R$ 10,5 milhões.

"Copa 98, Pintou o Penta Aqui no SBT"
O clima de oba-oba na Seleção Brasileira que começava a iniciar sua jornada em busca do pentacampeonato contagiou em cheio quase todas as emissoras de TV do Brasil. A única exceção era o SBT, que, por determinação do então diretor de eventos esportivos Luciano Callegari Jr., optou em correr por fora na cobertura da competição dando uma visão mais crítica do que festiva no torneio. Com 75 enviados especiais, transmitiu 49 jogos ao vivo e 15 em VT compacto apresentados de madrugada e os jogos tiveram a narração de Silvio Luiz, Téo José, Oscar Ulisses e Paulo Soares, comentários de Juarez Soares, Orlando Duarte e Osmar de Oliveira e reportagens de Luiz Ceará, Antônio Pétrin, Luiz Carlos Azenha, Celso Miranda, Tatiana Ferraz e Heraldo Pereira. Toda a cobertura foi centralizada no IBC de Paris, num estúdio de 310 m², de onde eram transmitidos o boletim Notícias da Copa, exibido diariamente em seis edições ao longo do dia com cinco minutos de duração sob o comando de Hermano Henning, e o Jornal da Copa, no fim de noite, onde toda a rodada e o dia-a-dia do torneio era debatida pela equipe de comentaristas da emissora, convidados especiais e a bem-humorada apresentação de Silvio Luiz. Nos jogos do Brasil, instalou uma câmera exclusiva durante as transmissões e no fim de noite, o Jô Soares Onze e Meia apresentava uma "Mesa Quadrada" nos estúdios do Complexo Anhangüera, discutindo os resultados dos jogos do Brasil, contando com a presença de quatro mulheres: a ex-jogadora de basquete Hortência, a conselheira do Flamengo Marilena Dabùs, a travesti Rogéria e a goleira da Portuguesa Didi. Até o Programa Livre entrou no clima da Copa, tendo que mudar de horário e ganhar uns minutos a mais para servir de "continuação" da cobertura esportiva, contando com a presença de uma banda e três convidados nos dias de jogo do Brasil. Querendo marcar pela credibilidade, o SBT foi a única rede aberta que abriu mão do sistema 0900 durante a Copa, optando em recorrer a um velho recurso televisivo, o sorteio de cupons vendidos nas agências dos Correios, Casas Loterias e lojas do Baú da Felicidade. A promoção chamada Palpitão da Torcida desafiava o público em acertar a escalação da Seleção Brasileira em cada partida do Mundial. Quem conseguisse acertar ao menos um jogador, ganhava um Fiat Palio zero quilômetro e quem acertasse toda a escalação do Brasil ganhava até 11 automóveis de uma só vez. Hebe Camargo e Celso Portiolli era a dupla de apresentadores que comandava os sorteios dentro do Programa Livre e faziam seus palpites para os jogos do Brasil com Serginho Groissman. Suas cotas comerciais foram compradas por Topper (próxima atração), Bombril (top de 5 segundos), Skol, Fiat, Banco do Brasil, Veja Multi-Uso e Coca-Cola.

 

Curiosidade: O SBT estava mostrando ao vivo o Grande Prêmio de Cleveland de Fórmula Mundial. A certa altura, a transmissão da prova teve de ser interrompida para uma entrada ao vivo de Silvio Luiz direto no Stade de France. Era o dia da final da Copa do Mundo entre Brasil x França e Silvio mostrou para a câmera a planilha com a relação dos jogadores do Brasil para a decisão do torneio e perguntou se havia algo de estranho na escalação do Brasil. A emissora anunciou em primeira mão que o jogador Ronaldo estava fora da final, não estava escalado entre os titulares e nem relacionado entre os reservas. Mas acabaria entrando em campo e o Brasil perdeu a Copa. Quando a França marcou o terceiro gol, que deu o título mundial ao país, Silvio Luiz permaneceu calado por cinco minutos, pois estava confiante na vitória do Brasil.


"Copa do Mundo 98, o Brasil é mais Record"
Mesmo sendo a última emissora a garantir presença no Mundial, a Record contou com menos tempo em sua programação reservado para a Copa. Na França, planejava em ter à disposição uma frota alugada de 18 carros dourados para a articulação de toda a equipe e câmera exclusiva nos jogos do Brasil, mas teve que diluir os gastos se contentando com um bom equipamento digital e um cenário virtual de 120 m² que custou US$ 300 mil dólares montado numa produtora de Paris onde toda a equipe de 53 pessoas ficou confinada para a transmissão em off dos jogos, não podendo ir aos estádios. A emissora exibir em média uma partida ao vivo durante a semana e todos os jogos realizados nos finais de semana, além de compactos das partidas do Brasil no fim de noite, num total de 43 transmissões ao vivo com narração de Luiz Alfredo, José Luiz Datena e Carlos Valladares, comentários de Márcio Guedes, Mário Sérgio, Sócrates e Carlos Alberto Torres e reportagens de Márcio Moron e Eli Coimbra. De lá foram apresentados Com a Bola Toda, um debate com toda equipe e participações especiais exibido todo domingo em duas edições e com edições extras nos jogos do Brasil; Record nos Esportes com todo o noticiário da Copa em duas edições; Boletim da Copa 98 sob o comando de Luiz Alfredo e José Luiz Datena mostrando os melhores lances do dia também em duas edições; Boteco do Ratinho todas as noites e nas entradas ao vivo nos dias dos jogos do Brasil, onde o apresentador Ratinho e seus convidados comentavam os jogos do ponto de vista do torcedor. Correndo contra o relógio, teve que reduzir o valor das cotas de patrocínio de R$ 8,5 milhões para R$ 3,5 milhões e descolou o valor total de R$ 14 milhões pelos anúncios de Lorenzetti, Banespa, Petrobrás e Lojas Cem (este último, uma cota local).

    

Curiosidade: por muito pouco, a Record já dominada pelos bispos da Igreja Universal do Reino de Deus quase ficou de fora da Copa. Isso porque em 1990, quando foi adquirida por "Macedão e sua corja", a emissora decidiu parar de pagar as anuidades junto à OTI, na qual era afiliada, e só retomou o pagamento dois anos depois, quando já estava saneada financeiramente e pagou os valores que devia a entidade. Por conta desses atrasos, as redes Bandeirantes e Globo lideraram um protesto proibindo a Record de transmitir a Copa de 98 e fizeram SBT e Manchete pagarem a parte da emissora à OTI para garantir sua exclusão. Mas em março de 1997, a Record entrou na Justiça alegando que as quatro redes obstruíram uma norma do estatuto da OTI: um canal de TV só seria proibido de transmitir a Copa caso estivesse inadimplente no ano da compra dos direitos de transmissão da associação, em 1987. Nesse meio tempo, a Record pagou sua cota em juízo, credenciou seus repórteres por meio da Rádio Record e cogitou em transmitir os jogos da Copa direto da África do Sul, via satélite, onde a IURD possui uma emissora de TV que tinha os direitos de transmissão da competição (medida esta que o diretor superintendente Eduardo Lafound era contra). Um ano depois o TJ-SP deu ganho de causa à Record e dois meses depois, a OTI, através da Justiça mexicana, reiterou a vitória judicial autorizando a entrada da emissora na França. Mesmo assim, a Record, já demonstrando uma centelha de prepotência, moveu um processo contra as quatro concorrentes exigindo uma indenização de US$ 20 milhões junto à OTI pela tentativa de expulsão da transmissão do torneio.

SporTV e ESPN Brasil
Esta foi a primeira vez que a TV por assinatura fez uma cobertura de verdade de uma Copa do Mundo. SporTV e ESPN investiram US$ 3 milhões cada uma para montar toda a estrutura de transmissão na França. O SporTV, "o canal campeão da Copa", por exemplo, teve toda a sua programação voltada para a Copa 24 horas por dia e levou 100 profissionais à terra da Copa. Segundo planejamento do diretor Guilherme Zattar, foi a única emissora que transmitiu ao vivo todos os 64 jogos da Copa. Nos dias em que houveram partidas com coincidência de horário, a emissora utilizou o canal Première, que normalmente transmite eventos esportivos no sistema pay-per-view, com uma vantagem para o assinante, transmissão gratuita no canal 34 da NET e no canal 70 da SKY. A narração foi de Luiz Carlos Jr., Deva Pascovitch, Sérgio Maurício e Lucas Pereira, comentários de Júnior, Raul Plassmann, Mauro Galvão, Wanderley Luxemburgo e Sérgio Noronha e reportagens de Paulo Lima, Rui Guilherme, Andréa Bruxelas, Christiane Pelajo, Alê Primo. Na programação, além das reprises dos jogos, apresentou SporTV News na Copa, em duas edições, com Renata Cordeiro (no Brasil) e Juliana Coelho (na França) com a cobertura completa da Copa do Mundo com matérias e reportagens especiais; o debate diário Papo de Copa com Luiz Carlos Jr. e Ricardo Pereira e comentários de Júnior, Wanderley Luxemburgo, Marcelo Frommer e Casagrande; Bistrô Brasil com o ex-jogador Casagrande e o guitarrista dos Titãs Marcelo Frommer, entrevistando convidados e comentando os principais lances dos jogos; e o boletim Palavra de Rei com os comentários de Pelé sobre a Copa do Mundo. Seus patrocinadores foram Antarctica, Fujifilm, Banco Real e General Motors. Já a ESPN Brasil, teve uma programação sobre a Copa 23,5 horas por dia, com uma pausa de meia-hora para o telejornal Sportcenter News sobre outros esportes, uma contradição a seu slogan "24 horas de Copa, só aqui na ESPN Brasil". Mas deu pro gasto apresentando o pré-jogo Abre o Jogo e o pós-jogo Prorrogação debatendo cada jogo; o noticiário 30 Minutos na Copa com a cobertura completa da competição, os melhores momentos das partidas, o dia-a-dia das equipes, depoimentos de especialistas e o lado cultural da França; A Copa é Nossa - Mesa Redonda, com Milton Leite, Realli Jr., Paulo César Vasconcelos, Fernando Calazans e Paulo Vinícius Coelho, debatendo as jogadas da competição; Um Tostão de Prosa na Copa apresentava uma crônica diária do "Mineirinho de Ouro" sobre os acontecimentos da Copa e até firmou acordo operacional com a TV Cultura na exibição do Cartão Verde na Copa direto de Paris com Flávio Prado, José Trajano e Juca Kfouri debatendo os destaques da semana no torneio e a presença de convidados especiais. O patrocínio da transmissão foi de Relógios Citizen, Varig, General Motors e HSBC Bamerindus.

   

Curiosidade: as outras TVs abertas não ficaram de fora da Copa mesmo sem ter os direitos de transmissão, elas deram um "jeitinho" nem que fosse para fazer uma mesa-redonda em dias de jogos do Brasil. Como foi citado a TV Cultura transmitiu o Cartão Verde direto de Paris, mas além disso emitiu quatro boletins históricos diários Cultura na Copa, os destaques da semana no Grandes Momentos do Esporte e debateu os jogos do Brasil no programa Turma da Cultura, onde os apresentadores Luciano Amaral, Cynthia Rachel, Fabiano Augusto e Mariana Elisabetsky, juntamente coma opinião do telespectador, comentavam a performance da Seleção com as presenças de Soninha Francine e os Sobrinhos do Ataíde (Paulo Bonfá, Felipe Xavier e Marco Bianchi). Já a CNT/Gazeta resolveu colocar diariamente o Mesa Redonda na Copa onde Fernando Gomes, Roberto Avallone e convidados comentavam sobre os jogos e até Juca Kfouri tinha seu programa de debates sobre a competição, só que a noite, intitulado Todos os Lados da Copa, apresentado direto da França. A MTV Brasil tinha o Copa na Mesa com Astrid Fontenelle, o músico João Marcelo Bôscoli e três convidados e a TVE Brasil atacou de Plataforma da Copa, com a análise de Carlos Eduardo Novaes, Ricardo Mazzelo e Luís Carlos Mièle.

E fiquem ligados no blog ÊHMB De Olho Na TV porque vem aí a última parte da saga sobre as Copas na Telinha, onde iremos abordar o predomínio Global da Copa de 2002 à 2014! Não percam!